Olá amigos produtores rurais!
Antes de responder a pergunta acima, gostaria de propor-lhes uma reflexão sobre os dados abaixo:
- INDICE DE INFLAÇÃO DE CUSTOS DE PRODUÇÃO NO PERÍODO DE 2011 À 2023: 70,03%
- INDICE DE INFLAÇÃO DE PREÇOS RECEBÍDOS NO PRÉIODO: 2011 À 2023: 155,91%
- DIFERENÇA PRÓ PRODUTOR RURAL NO PERÍODO: 85,88%
- ANOS DE ESTIAGEM NO RS DURANTE O PERÍODO: 2012. 2020, 2022 E 2023
- PRODUTIVIDADE MÉDIA DURANTE O PERÍODO: 51,78 SC/HA
Fobte: Big-Data Farsul e Banco de Dados R&S Training Rural
Estes dados acima, nos mostram os IICP (Índice de Inflação de Custos de Produção), o IIPR (Índice de Inflação dos Preços Recebidos) a Diferença entre eles anualmente, acumulado de em 5 anos, total acumulado de todos nos últimos 13 anos, Produção anual e Produtividade média da cultura de Soja(principal cultura no estudo de caso. Estes dados foram colhidos no sítio do Sistema Farsul que contém, além destes dados, mais IPCA, IPCA Alimentos e no Banco de Dados da R&S Training Rural Ltda.
Reparem, amigos, que a diferença acumulada entre a inflação do Preços Recebidos e da inflação dos Custos de Produção nos últimos 13 anos é muito favorável ao produtor rural em 85,88%, pois, a inflação de custos dos insumos foi de 70,03% enquanto que a inflação dos Preços Recebidos foi de 155,91%, apenas em 2011 e 2016 esta relação foi desfavorável ao produtor rural em 8,10% e 10,80% respectivamente. O acumulado nos primeiros 5 anos (2011 à 2016) favorável ao produtor em 31,5% e nos próximos 5 anos (2017 à 2021) também favorável em 97,93% ao produtor rural. É importante a análise em períodos e não isoladamente apenas no ano em que estamos. Qual foi a sua Margem Bruta nos últimos 5 anos (2018 à 2023) que fora de 105,27% favorável ao produtor, segundo a tabela acima.
Outra análise que devemos é o percentual de variação na produção anual (no caso da cultura de soja – principal cultura do estudo de caso) que houve aumento médio considerável no total da produção, no valor de 59,52% e obtendo produtividade média no período de 51,78 sc/ha no período.
No período de análise, 13 anos houve 4 anos com estiagem impactando consideravelmente na produtividade média do período. A cada 3,25 anos ocorre uma estiagem.
Compreendo perfeitamente que é quase impossível vender toda a produção no pico de preço de cada ano, ou seja, acertar “no olho da mosca” e nem adquirir os insumos no menor preço do ano.
Não precisa acertar “no olho da mosca” nem para comprar insumos nem para vender a produção, mas “na mosca” ou bem próximo a ela teríamos resultados em Margem Bruta bem melhor do que vimos na grande maioria embora que, temos visto Margens Bruta muito boas junto aos produtores rurais, todavia, para que esta melhoria da Margem Bruta ocorra a ferramenta de gestão ideal e eficaz é o Fluxo de Caixa.
O comportamento de produtor rural deve ser após a colheita do último grão e do carregamento do último boi, após isto o comportamento deve mudar para o de Gestor de Negócios, procurando comprar os insumos e vender a produção nos melhores momentos do mercado, fazendo o melhor preço médio possível, sem necessariamente acertar “no olho da mosca” mas, como falei, “na mosca” ou próximo à ela.
Tudo é financeiro no seu negócio, mesmo que faça até mesmo, uma operação de escambo (Barter) igualmente tudo é uma relação financeira, até mesmo a chamada relação de troca que o gestor de negócios da propriedade rural deve fazer orientado pelo seu Fluxo de Caixa.
Venho pregando isto há muito tempo e, os produtores que começaram a adotar na gestão do negócio ferramentas de controles financeiros, patrimoniais e de resultados, vem registrando crescimento financeiro e menos dependência dos recursos de terceiros, ou seja, dos custeios agropecuários.
Assim como os produtores rurais se apropriaram muito bem das técnicas agronômicas e zootécnicas para produzir, prova disto são as produtividades alcançadas nos últimos quarenta anos onde aumentamos em 6x a produção do país, enquanto que as áreas de exploração aumentaram apenas em 2,5x, segundo o MAPA, um show de disciplina e dedicação dos nossos produtores auxiliados, evidentemente, pela assistência técnica e extensão rural, então sugerimos que estes também se apropriem minimamente das técnicas econômicas para gerir seus negócios. Fica a dica...
Desta forma, creio ter respondido a pergunta do título desta coluna, PARA QUE SERVE O FLUXO DE CAIXA
Rogério Bastos
Economista e consultor da R&S Training Rural