Toda a atividade econômica tem altos e baixos. Nesse sentido, o agricultor precisa fazer uma gestão financeira eficiente do negócio agrícola para não enfrentar dificuldades perante quebras de produção e momentos de cotações desfavoráveis dos produtos agrícolas. Antes de comprar ou arrendar novas áreas, o produtor pode investir em intensificação tecnológica, buscando:
(1) tornar suas áreas mais produtivas, gerando excedentes de produção que poderão mitigar os impactos negativos de um período mercadológico desfavorável;
(2) reduzir custos por meio de boas práticas como o manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas;
(3) garantir maior estabilidade da produção, o que diminuirá o risco decorrente das adversidades climáticas. Produzir bem e saber gerir as finanças são ações fundamentais para o sucesso da propriedade agrícola. O produtor rural brasileiro está usufruindo um momento de fartura que ele sabe que não será permanente.
Era impossível prever que o Brasil, em 2020, enfrentando uma séria crise financeira, teria no agronegócio o desfrute de uma situação oposta. Mas é o que está acontecendo, com preços internos recordes, alavancados pela valorização do dólar mas, também, pela crescente demanda mundial por produtos agrícolas. Adicionalmente, o mercado do grão é favorecido pelo aumento de uso do óleo de soja para produção de biodiesel, visando atender o aumento da mistura do biocombustível ao diesel.
Nunca os preços de mercado da soja e do milho - nossos principais grãos - foram tão remuneradores quanto agora. E não é apenas o preço da soja e do milho que estão deixando boas margens aos agricultores. Também faturam alto os produtores de carnes, café, açúcar, algodão e madeiras. O agricultor não pode negar que está vivendo um bom momento e ganhando um bom dinheiro. Mas precisa estar alerta com os custos de produção, que certamente crescerão e afetarão a rentabilidade.
A euforia dos bons preços de mercado das commodities agrícolas poderá desencadear a procura por novas áreas. Caso isto ocorra, a soja deverá ser o carro chefe da expansão da fronteira agrícola, em decorrência da remuneração que a cultura tem proporcionado aos agricultores. A Conab estima que a supersafra de grãos brasileira de 2019/2020 (257 milhões de toneladas - Mt), será superada em 22 Mt pela produção da safra 2020/2021, inicialmente estimada em cerca de 279 Mt, com a liderança soberana da soja, para a qual a Conab estima um novo recorde de 133,5 Mt, resultado de um incremento da área em 3% (36,60 Mha para 37,86 Mha) e aumento no mesmo percentual da produtividade (3.420 kg/ha para 3.526 kg/ha). Quanto ao mercado, ao menos no curto prazo, deverá continuar favorável ao produtor.
Usufruir dos bons momentos é saudável, mas precisamos ter consciência de que tudo o que sobe, depois desce, ensina a sabedoria popular.