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Extremos climáticos serão mais frequentes


Decio Luiz Gazzoni
As perspectivas não são boas: secas mais intensas, prejuízo na agricultura, diminuição do pescado. Os mais afetados serão os menos favorecidos, conforme o cenário do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas divulgado em 25/10. O documento aborda o que já aconteceu e o que se supõe que acontecerá, os impactos das mudanças climáticas, as suas consequências, e oferece opções de adaptação. O relatório alerta a sociedade e fornece elementos para o planejamento governamental, a fim de diminuir os impactos e os custos das Mudanças.

Temperatura e água serão os elementos-chave. As alterações nos regimes de chuva provocarão secas e enchentes mais frequentes e mais intensas. A vazão dos rios será afetada, prevendo-se perdas de 20% do leste da Amazônia ao Nordeste, de 30% na bacia do Tocantins. Na bacia do Paraná antecipa-se aumento de 10% a 40%. O coordenador do painel, meu amigo Eduardo Assad, da Embrapa, alerta que mais de 2 mil municípios terão problemas de abastecimento de água em 2015. O aumento do nível do mar deve intensificar as inundações e os processos erosivos na costa. O aumento da temperatura e da acidificação dos oceanos prejudicará os ecossistemas marinhos e a pesca, que pode reduzir a produção em 6%.

Temperaturas mais altas e menos chuva aumentarão a área agrícola de alto risco climático. Temperatura e umidade mais elevadas são ideais para a proliferação de fungos e deve beneficiar outras pragas, como insetos, aumentando custos e prejuízos.
Segundo Assad, no Ceará pode haver redução de até 60% no PIB agrícola e no valor das terras, forçando a migração do agricultor para as cidades.
A geração de energia hidrelétrica será prejudicada pelo menor volume de água. A cogeração nas usinas de cana poderia ser uma alternativa, se o setor não tivesse sido destroçado nos últimos 4 anos.
As cidades não escaparão, serão palcos de tempestades, inundações e deslizamentos de terra. Essas condições podem permitir a proliferação de vetores de doenças tropicais, como mosquitos da dengue.
O que fazer: no curto prazo, há pouco a fazer. Para evitar o desastre, as ações já deveriam ter começado há 10 anos. Agora resta trabalhar duro para diminuir o prejuízo da próxima década.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo. www.gazzoni.eng.br

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