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Energia e mudanças climáticas


Decio Luiz Gazzoni
Como já comentei nesta coluna, na semana passada realizou-se, no México, a reunião anual do ICSU, propondo integrar as iniciativas de energia renovável entre os continentes, e focando no incremento da sua participação na matriz energética mundial. Coube-me proferir a Conferência de abertura, e a de encerramento ao Dr. Mario Molina, professor do Massachussetts Institute of Technology e Prêmio Nobel de Química, que o recebeu por haver descoberto o “buraco” de ozônio sobre a Antártida e os efeitos dos CFCs sobre a camada de ozônio.

Sua palestra versou sobre a relação entre as Mudanças Climáticas Globais (MCG) e a energia. Entretanto, o ponto que mais chamou a atenção em sua preleção foi uma pesquisa social, a respeito da opinião de pessoas sobre as MCG. Do total dos cientistas entrevistados, 98% acreditam que o clima está mudando, sendo, em sua esmagadora maioria, especialistas em meteorologia ou áreas conexas respaldando sua opinião em fatos e números. Por outro lado, 94% dos 2% de cientistas que refutam as MCG não são estudiosos do tema.
O estudo evidenciou que quase metade da população em geral não crê nas MCG. O que ocorreu quando este grupo foi instado a justificar a opinião? a) não sabia o que dizer; b)referia-se aos 2% dos cientistas que não acreditam nas MCG; c) repetia a opinião de leigos, sem fundamentação. A conclusão foi que os meios de comunicação, pelo dever ético de conferir oportunidade, em igual proporção a cada um dos lados, sem querer exacerba a participação de leigos e cientistas não vinculados ao tema, diminuindo o peso dos cientistas que se dedicam a estudar as MCG. Como o cidadão comum não muda seu comportamento porque, daqui a 50 anos, a vida no planeta vai ficar muito difícil, ele prefere acreditar em quem fala o que lhe é mais conveniente. Como tal, não muda seu estilo de vida, e não pugna por mudanças que mitiguem as MCG.

Sem entrar no mérito do tema, confesso que fiquei perplexo e estou refletindo sobre este fato até hoje. Como proceder: quem sabe continuar dando voz a ambos os lados, porém salientando muito bem a qualificação e o conhecimento de quem emite opinião sobre um assunto, para conferir a devida importância a quem entende do tema.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo

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