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Eleições na Europa e o Agro brasileiro


Rui Alberto Wolfart

As eleições para o Parlamento europeu, que acabaram em 09/06/2024 demonstram o final de uma época naquele continente. Siglas como AfD e BSW da Alemanha, que são respectivamente partidos rotulados como de extrema direita e esquerda abocanharam, somadas com a direita em toda a Europa, cerca de 25% do total das cadeiras nessas eleições, repercutindo o mal estar social que corrói aquela população. Se, antes os produtos agrícolas brasileiros exportados para lá já sofriam com inúmeras barreiras tarifárias e não tarifárias, imaginar como será daqui para frente com esse aumento de parlamentares a exigir mais protecionismo. Até o “Espaço Schengen” construído para a livre circulação de pessoas na União Europeia – UE está sendo desmontado no furor anti-migratório. O crescente protecionismo europeu se soma aos desafios da COP-30, a ser realizada em 2025 no estado do Pará. Nela, o Brasil deverá apresentar resultados concretos do necessário combate ao desmatamento ilegal. Ao mesmo tempo, a produção agrícola, que observa a legislação brasileira, deverá ser valorizada e defendida nesses embates internacionais que aumentarão com a UE, desmascarando as narrativas que ambos os desmatamentos são a mesma coisa. Os desafios impostos aos estados com produção já consolidada e que estão cumprindo com o regramento nacional e internacional de comércio, agora se remetem àqueles como o Pará para que entrem com o pé direito nesses mercados. Poderão se utilizar dos trabalhos bem sucedidos no campo da regularização fundiária e ambiental realizados no Mato Grosso, em décadas recentes, para já apresentá-los na COP-30. A nova formatação da representação política europeia está a exigir do Brasil no curto prazo a organização de robustas políticas de Estado e resultados internos para o enfrentamento duro, a ser feito em defesa dos interesses nacionais. O acordo União Europeia/MERCOSUL se já estava em compasso de espera agora foi para o ralo. Todavia, o tempo conta a favor do Brasil nesses contenciosos porque existe vigor tecnológico e geracional no setor primário, algo que lá não há. Acresça-se a oferta crescente das produções em diferentes partes do território nacional a qual reduz a probabilidade de quedas significativas por acidentes climáticos, estando em linha com as expectativas da demanda global.

Aliás, o velho e sombrio continente, assim denominado por Mark Mazower em livro por ele escrito, perde crescentemente importância para o Brasil em face da demanda alimentar de países asiáticos, pelo sucesso de suas políticas de combate à miséria. São centenas de milhões de pessoas a mais para alimentar diariamente e o Brasil, com sua dinâmica produção agrícola, terá crescente importância nesse suprimento, enquanto a União Europeia caminha para ficar limitada globalmente ao tamanho de sua população e economia.

 

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