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Como o conhecimento do mercado futuro e de opções pode ajudar o produtor de commodity?



Adeca Agronegócios ESALQ/USP
O mercado futuro de ações é um ambiente que pode possibilitar o ganho ou garantir a proteção através de negociações de compra ou venda de um determinado ativo, como commodities, dólares e índices, por exemplo. Nessa operação, o preço é preestabelecido mediante contrato para uma data futura. Já para o mercado de opções, de acordo com o InfoMoney (2005), o investidor não precisa obrigatoriamente comprar ou vender no futuro.
Nesse artigo, a abordagem tanto das operações de trava, mercado futuro, quanto as de put e call que serão discutidas, mercado de opções, serão restringidas às estratégias de proteção de produtores de commodities, excluindo finalidades meramente especulativas. Essa classe de trabalhadores apresenta risco de instabilidade de preços não somente devido a políticas públicas e outros motivos normalmente ocorrentes em outros setores mas também a fatores climáticos, assim como todos os agricultores.
Porém, quando o produto agropecuário é uma commodity, como algodão, boi, café, milho e soja por exemplo, tem-se a opção de fixar um preço ou garantir um mínimo através da bolsa de valores. Diferentemente disso, culturas que não participam do mercado internacional dessa forma, como o feijão, apresentam muitas vezes um mercado prostituído em que os compradores ditam o preço e controlam rigidamente asnegociações, não respeitando totalmente um mercado controlado pela lei da oferta e demanda.
Tal lei rege o mercado das commodities, sendo os produtores meros tomadores de preço. Então, geralmente espera-se o comportamento típico ao longo do ano, em que se observa uma baixa oferta e alto preço na entressafra e o contrário no pico da safra.
Porém, existem contratempos como uma abertura ou incentivo à importação de um produto, como aconteceu recentemente com o milho e com o feijão no Brasil, ou até mesmo uma quebra de safra ou super safra como resultado de condições climáticas desfavoráveis e favoráveis respectivamente.
Dessa forma, os produtores de commodities podem tirar grandes vantagens ao entender sobre o mercado futuro e o mercado de opções ou fazer uso desses através de contato direto ou indireto com corretores, o que é a realidade de grande parte dos agropecuaristas nos Estados Unidos. Já no Brasil, parte até significativa conhece ou faz operações de trava, o que fixa o preço para um comprador que já demanda determinada quantidade e paga um certo valor. Nesse caso, o vendedor vai necessariamente receber o preço preestabelecido.
Por um lado, travar o preço é benéfico, já que se garante aquele valor para a safra ou parte dela. Por outro, se o valor de mercado estiver acima do preço, ‘deixa-se de ganhar’. Nessa última situação, o uso do mercado de opções através das operações de call e put é de extrema valia para o produtor, pois estas garantem o preço mínimo sem excluir o agropecuarista ou dono de armazém da participação da alta de preços. Então, qual é o motivo do mercado de opções não ser explorado significativamente no Brasil assim como nos Estados Unidos?
Para garantir o preço mínimo, existe uma taxa chamada spread a ser paga, como se fosse um seguro. Para a soja, por exemplo, a spread gira em torno de R$ 1,50 por saca. Se o preço de mercado estiver abaixo do valor preestabelecido, o preço fixado anteriormente é pago pela bolsa ao produtor ou dono de armazém. Entretanto, se o preço definido previamente for R$70/sc e o de mercado estiver a R$75/sc, o preço recebido é o maior e a taxa de R$1,50 é cobrada de qualquer maneira.
Mesmo que pagar essa taxa seja muitas vezes uma estratégia altamente lucrativa, grande parte dos produtores desconhecem essa vantagem ou consideram uma “despesa” desnecessária quando multiplicam a taxa pelo volume da safra. Portanto, a falta de conhecimento observada nessa área muitas vezes se reverte em prejuízo
camuflado. O custo de oportunidade, entendido como aquilo se deixa de ganhar, quando não se considera ou não se conhece o mercado de opções, pode ser alto.
Portanto, é aconselhável a busca por essas oportunidades até então não exploradas devidamente no Brasil. O contato e a conversa maior com os grandes compradores são uma porta de entrada, pois estes muitas vezes intermedeiam tais operações. Outras sugestões são o estudo desse tema, como fazer cursos online oferecidos por instituições como a BM&F Bovespa e a Fundação Getúlio Vargas e a busca constante pelo aprimoramento do conhecimento de mercado, que pode maximizar a receita de uma propriedade de forma considerável.
Autor: Poliana Rezende.
INFOMONEY. Como funciona o mercado futuro de ações na Bovespa? 2005.
Disponível em: <http://www.infomoney.com.br/educacao/guias/noticia/272383/comofunciona-mercado-futuro-acoes-bovespa>.
Acesso em: 06 ago. 2016.
 
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