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Ciência econômica e gestão na propriedade rural



Rogério de Melo Bastos

Ciência econômica e gestão na propriedade rural

Os produtores rurais, já há muito tempo, dominam as técnicas agronômicas e zootécnicas para plantar e criar. A prova disto é que nos últimos 40 anos, passamos da condição de importador para um dos principais exportadores de alimentos para o mundo.

 Entre 1975 e 2017, a produção de grãos, que era de 38 milhões de toneladas, cresceu mais de seis vezes, atingindo 236 milhões, enquanto a área plantada apenas dobrou. Eis aí, a prova que os produtores rurais se apropriaram das técnicas agrícolas e zootécnicas para produzir.

O desejo natural de crescer e produzir ainda mais, e uma sequência favorável de safras, fez com que os produtores assumissem mais compromissos com parcelas de financiamentos de investimentos, novos arrendamentos, algumas vezes inflacionados, sem perceber o aumento dos custos indiretos, e dos insumos – custos diretos. Paradoxalmente veio o aperto financeiro e dificuldades para liquidar os compromissos em seus respectivos vencimentos.

Junto às ciências agronômicas e zootécnicas é necessário associar um mínimo de ciência econômica para que a exploração comercial da agricultura e pecuária sejam lucrativas e rentáveis, ou seja, economicamente sustentáveis.

Portanto, os produtores rurais devem aprender, dominar e se apropriar de pelo menos três ferramentas básicas de gestão que certamente lhes auxiliarão em muitas tomadas de decisões.

  1. DRE – Demonstrativo de Resultado do Exercício (que pode ser o ciclo produtivo ou ano agrícola) que evidencia os seguintes indicadores: Renda Bruta, Custos Variáveis, Margem Bruta, Custos Fixos, Lucro e Lucratividade.  O Lucro, confrontado com o investimento total no negócio/projeto/ ou atividade mede a Rentabilidade do negócio. Outra evidência que esta ferramenta proporciona é, que nem sempre o aumento de produtividade resulta em aumento de lucratividade. É o fenômeno econômico do rendimento decrescente.
  2. BALANÇO PATRIMONIAL:  Sim, Balanço Patrimonial, produtores/empresários rurais precisam conhecer os indicadores do Balanço Patrimonial tais como: Capital Circulante Líquido (valor disponível para assumir novos compromissos e atender os Custos Fixos da fazenda até o próximo ciclo produtivo, Índices de Liquidez Corrente e Geral, indicadores que medem a capacidade de pagamento dos compromissos no curto e longo prazos, Grau de Endividamento e Grau de Imobilização. Estes indicadores medem solidez econômica do empreendimento agropecuário, ou seja, o quanto o empreendimento é resiliente e capaz de suportar anos difíceis como este, com safra frustrada no Sul e as incertezas mercadológicas provocadas pela pandemia da COVID-19.
  3. FLUXO DE CAIXA: Planejamento e provisionamento das contas a pagar e a receber organizadas por ordem de vencimento, mês a mês, projetando os custos com aquisição de insumos e custos fixos, podendo otimizar o resultado das safras, como ferramenta de planejamento de comercialização ao aproveitar as melhores oportunidades tanto para venda de produtos quanto para aquisição de insumos.

 

Há outras ferramentas de gestão, controle e avaliação econômica, no entanto, estas são básicas e imprescindíveis para monitorar o desempenho e auxiliar na tomada de decisões mais assertivas quanto aos aspectos financeiros e econômicos.

Portanto, não dá mais para produzir sem equilibrar os aspectos agronômicos, zootécnicos e econômicos.

Sucesso e bom trabalho!

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