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Carne bovina, preços em alta


Amado de Olveira Filho
Os preços aos consumidores da carne bovina em Mato Grosso estão muito elevados. Os preços pagos aos pecuaristas também parecem muito elevados. Todos os agentes da cadeia da carne bovina no Estado reclamam de suas margens de lucros. Está posta uma equação que precisa ser resolvida. Sua solução passa pela necessidade de algumas análises de evolução de custos, impostos, margens de lucros e, inequivocadamente, do oportunismo de alguns elos desta importante cadeia fornecedora de proteínas animal.

 Uma resposta simplista vem sendo dada, os preços elevados aos consumidores se dão em função do abate de vacas, o que de fato aconteceu, porém, estamos falando de um rebanho superior a 25 milhões de cabeças de gado. Precisamos botar mais sal grosso neste churrasco, se de fato necessitamos entender esta questão, que de leste a oeste e de norte a sul do nosso Estado, está incomodando todos os pecuaristas. Afinal, quando o preço da carne aumenta, a maioria das pessoas vê imediatamente o pecuarista como responsável.
 Alguns cortes de carne bovina, segundo pesquisa do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (IMEA), como a costela e o coxão duro, tiveram seus preços aumentados de fevereiro de 2005 a julho deste ano em mais de 100% e, o músculo beirando os 90%. Interessante, neste mesmo período, segundo a pesquisa, a arroba teve uma variação de preço de 71%. Assim, fica claro que o preço da arroba variou acima da inflação, porém, os preços das carnes mais baratas se elevaram mais que o preço da arroba.
 Por outro lado, quando se compara o preço da arroba do boi no ano de 1994 com o salário mínimo, veremos que com o salário mínimo da época se comprava tão somente 2,2 arrobas de boi, em 2006 esse número salta para 6,4 arrobas e em 2008 em torno de 6,0 arrobas. É claro que o salário mínimo teve aumento real, o que é bom, porém, quando se aumenta a massa salarial, para que não tenhamos aumento de preços, necessariamente, teríamos que aumentar nos mesmos níveis, a produção.
 Um fato importante que se observa na pecuária de corte em Mato Grosso é a desarmonia histórica em sua cadeia. Levantamentos da Associação de Produtores Rurais e do IMEA apontam para uma margem bruta dos varejistas, em junho deste ano, na ordem de 110%. Já os produtores apontam que nas últimas semanas os frigoríficos estão trabalhando apenas com 50% de sua capacidade de abate, equivocadamente, tentando reduzir o preço da arroba ao pecuarista.

 Como aumentar a produção com cenários institucionais apontando para o mais baixo grau de relacionamento nesta cadeia? Impossível! Será que a cadeia vai continuar deixando deteriorar ainda mais esta relação a níveis que exigirão a intervenção de instituições públicas de defesa do consumidor?
 O aumento do preço da arroba, além de margens exacerbadas de lucros de alguns que se caracteriza como verdadeiros oportunistas são conseqüências de aumentos em alguns insumos. Entre 1994 a 2008 o preço da arroba de boi aumentou 180%, enquanto isto, o salário mínimo aumentou 641%, o óleo diesel sempre carregado de impostos aumentou 600%, o adubo em torno de 600% e ainda o sal mineral em níveis ainda superiores. Assim, podemos afirmar com segurança que alguém está metendo a mão no setor produtivo. Não há como cobrar responsabilidade dos pecuaristas.
 Enquanto isto, o Ministério do Meio Ambiente não consegue vender sua boiada no Estado do Pará. Se algo não for feito, brevemente aquele gado será chamado de boi cabeça de bacalhau, quem viu?

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