A Bioeconomia chegou para unir responsabilidade e eficiência dentro de um conceito que se espraia em todos os mais urgentes assuntos atuais. Trata a conservação ambiental considerando as mudanças climáticas, aumento de produtividade de alimentos para abastecer o mundo e geração de renda com valor agregado, garantindo sustentabilidade econômica e social.
É uma ideia completa e complexa ao mesmo tempo, que influencia desde a produção ao consumidor final. Seu desenvolvimento significa sermos capazes de atender às necessidades da sociedade moderna – como produtos e serviços – a partir da produção e transformação sustentáveis dos recursos biológicos. É preciso consciência para produzir, preocupação com o futuro e responsabilidade com todos.
É com ela que poderemos oferecer o que a humanidade precisa sem se esquecer de que nosso planeta merece e deve ser cuidado, é nossa casa. Um sistema econômico conectado com os desafios do Terceiro Milênio como aumentar em 50% a produção mundial de alimentos até 2050 – sendo que nós no Brasil seremos responsáveis por nada menos do que 70% deste incremento.
Mas aumentar a produção sem avançar na área cultivada, lançando mão para isso da ciência, dos tão importantes avanços tecnológicos que garantem mais produtividade, melhores práticas e respeito às áreas de conservação ambiental. É um modelo novo, porém urgente em um mundo que consome cada vez mais os recursos naturais – limitados, totalmente esgotáveis – e aumenta cada dia mais este consumo.
Queremos que a participação da economia sustentável, baseada em recursos biológicos, cresça dos atuais 20% para 30% em 2025 e para 40% em 2050 em plano nacional. Para isso, precisamos abandonar conceitos antigos, arraigados, ideologias, disputas, projetos de poder.
É um compromisso com o social, o econômico e o ambiental que tem na agricultura um papel decisivo e estrutural para sua consolidação. A atividade no campo também não encontra outro caminho que não seja ser sustentável, comprometida e respeitosa com a natureza – a melhor amiga do homem do campo.
É por meio do mais pujante setor econômico do Brasil que poderemos espalhar o conceito de bioeconomia, com iniciativas que demonstram sintonia e contemporaneidade com a urgência de um novo modelo de produção e consumo.
A agropecuária no Estado de São Paulo é protagonista neste aspecto, com iniciativas tanto públicas quanto privadas que já levam em conta não apenas o lucro, mas também os desdobramentos e impactos de cada grão de arroz que nasce do solo, cada pé de cana que desponta no canavial.
Há um ano, seguindo orientação e incentivo do governador Geraldo Alckmin, lançamos o Projeto de Políticas Públicas em Bioeconomia (PPPBio), trabalho conduzido pelo Agropolo Campinas-Brasil, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e participação determinante dos institutos de pesquisa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento e um conjunto de entidades da pesquisa, Academia e produção.
O objetivo é multiplicar e transferir para o setor produtivo avanços tecnológicos, assim promovemos neste um ano de Programa duas missões para o exterior – uma para França e outra para Suécia e Alemanha para intercâmbio de experiências e informações. Outras duas missões já estão programadas: uma para a Holanda e outra para a França e Bélgica.
Também foram realizados sete workshops, com outros três já planejados para este segundo semestre, abordando temas como resíduos agrícolas e urbanos, biocombustíveis avançados, alimentos funcionais, agricultura de precisão e óleos e plantas aromáticas e medicinais.
Um conceito que chegou para ficar e guiará ainda nossos eventos como a elaboração de caminhos para o consumo responsável na aquicultura, em novembro, dentro da Asian & Sea Food Show, em São Paulo; e alternativas para o desenvolvimento de uma pecuária de baixo carbono, em Campinas, em novembro.
Nosso compromisso com a Bioeconomia também já se desdobrou, por exemplo, em uma parceria com a Prefeitura de Campinas, com quem iniciaremos neste mês a construção de um sistema de compostagem para transformar 200 toneladas diárias de resíduos urbanos vegetais em compostos orgânicos. A expectativa é gerar cerca de 70 toneladas/dia de adubo – que será utilizado em áreas do município e nos trabalhos do Instituto Agronômico (IAC).
É definitivamente a hora da Bioeconomia, da descarbonização da matriz energética não apenas brasileira, mas mundial. É hora do etanol em vez do petróleo, do controle biológico eficiente no combate a pragas, da saudabilidade dos alimentos, da população mais saudável.
É urgente que adotemos a economia baseada na vida!