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Balanço semanal — 30/07 a 03/08/2012



Conselho Nac. do Café - CNC
A criação do Fundo Estadual do Café em Minas Gerais e a 63ª Reunião Ordinária do CDPC foram os destaques. No mercado, baixa atividade compradora das indústrias deixa o mercado de lado. Expectativa é que, com a necessidade de recomposição dos estoques e a diminuição na oferta de cafés finos, os preços se recuperem.

 
63ª REUNIÃO DO CDPC — Nesta quinta-feira (02), foi realizada a 63ª Reunião Ordinária do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), na sede do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Na oportunidade, em nome de todo o Conselho Diretor do CNC, agradecemos e parabenizamos ao ministro Mendes Ribeiro pela feliz escolha de sua equipe, composta pelos secretários Executivo, José Carlos Vaz, e de Produção e Agroenergia, Gerardo Fontelles, e pelo diretor do Departamento do Café, Edilson Alcântara, e, em especial, por honrarem o compromisso de cumprir a agenda de reuniões do fórum e seus comitês, além de darem a devida atenção à cadeia produtiva cafeeira na política pública.
 
O setor produtor, representado pelo CNC e pela Comissão Nacional do Café da CNA, manifestou sua preocupação com a qualidade da safra 2012/13 do Brasil, haja vista o impacto negativo que as adversidades climáticas deverão acarretar. É válido lembrar que o parque cafeeiro nacional vivenciou uma estiagem no período de maturação dos grãos e, em plena época de colheita, se deparou com chuvas atípicas, as quais, certamente, prejudicarão entre 30% e 40% da qualidade da bebida, conforme nos informaram nossas cooperativas associadas.
 
Ainda na reunião, o Governo apresentou o Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Setor Cafeeiro para o período 2012/2015, que abrange praticamente todos os anseios da produção, e anunciou a alocação de mais R$ 600 milhões do Funcafé para a linha de estocagem, visando a um melhor ordenamento das vendas, além da possibilidade de se disponibilizar outros R$ 200 milhões das Operações Oficiais de Crédito (2OC) para a realização de leilões de Opções de Venda, caso haja necessidade.
 
FUNDO ESTADUAL DO CAFÉ — No último dia 27 de julho, o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, sancionou a Lei 20.313, que institui o Fundo Estadual do Café (Fecafé), de autoria do próprio Poder Executivo. Com o objetivo de promover o desenvolvimento econômico e social, bem como a competitividade e a sustentabilidade da cadeia produtiva, o Fecafé terá 25% de seus recursos destinados a financiamentos a fundo perdido, os quais poderão ser utilizados na contratação de seguro agrícola, na capacitação de técnicos e cafeicultores, na promoção do café mineiro nos mercados nacional e internacional e na realização de estudos estratégicos visando à competitividade e à agregação de valor aos produtos da atividade cafeeira.
 
De acordo com a Lei, os demais recursos do Fecafé poderão ser utilizados para a aquisição de equipamentos, até o limite de 90% do valor do investimento. Já a taxa de juros é de 12% ao ano, com prazo de 84 meses para o pagamento do empréstimo, que será destinado a pessoas físicas e jurídicas participantes da cadeia produtiva do café, consórcios intermunicipais com atuação nessa área e empresas públicas que desenvolvam projetos voltados para o fortalecimento da cadeia produtiva do café.

 
O CNC entende que o Fecafé é mais uma grande vitória para a cafeicultura de Minas Gerais e do Brasil, refletindo o compromisso do governo mineiro e a sensibilidade do governador Anastasia e da Assembleia Legislativa do Estado em apoiar o caráter social da atividade cafeeira, que conta em sua composição com 70% de pequenos produtores.
 
É válido salientar a grande conquista do Conselho Nacional do Café ao obter uma das cadeiras titulares do grupo coordenador do Fecafé. Esse feito foi obtido após rodada de reuniões com o Poder Executivo do Estado, no início do ano, e consolidado com a assinatura da Lei 20.313.
 
O CNC entende, ainda, que a iniciativa de Minas Gerais é relevante para obtermos melhores condições a nossos produtores, mas também recorda do apoio que o setor tem recebido do Governo Federal, desde a gestão de Reinhold Stephanes à frente do Ministério da Agricultura até agora, em especial, sob o comando do ministro Mendes Ribeiro, que foi o responsável pela retomada das reuniões do CDPC e dos Comitês Diretores após quase três anos e, também, da maior liberação de recursos da história do Funcafé para as linhas de financiamento destinadas a estocagem, custeio e colheita, entre outros. Verba que, por sinal, já se encontra disponibilizada aos interessados.
 
ANÁLISE DE MERCADO — O mercado de café andou de lado nesta semana, sem muitas novidades do ponto de vista dos fundamentos. Dessa forma, o contrato com vencimento em setembro de 2012 na Bolsa de Nova York – o de maior movimentação – encerrou a semana cotado a US$ 1,7380 por libra peso, registrando valorização mínima de 10 pontos, ou 0,06%.
 
A menor atividade das indústrias internacionais tem sido determinante para esta situação. Muitas delas operam em ritmo mais lento nesta época do ano devido ao verão no Hemisfério Norte. Além disso, os produtores também estão retraídos na venda. Mais capitalizados, bem orientados e com boa disponibilidade de financiamentos para pré-comercialização, eles não deverão exercer pressão de oferta nos próximos meses, ao contrário de anos anteriores.

 
A maior resistência dos produtores refletiu a redução dos embarques no mês de julho. Segundo dados divulgados pela Secretária de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o volume exportado totalizou 1,822 milhão de sacas de 60 quilos (nos 22 dias úteis do mês), com média diária de 82,8 mil sacas. O preço médio ficou em US$ 206,50 por saca em julho, com queda de 26,3% na receita média diária e de 4,0% na quantidade média diária embarcada.
 
Cientes da redução da qualidade em razão das chuvas verificadas na colheita, a tendência é que os cafeicultores não venham a ofertar um volume significativo de café de qualidade enquanto o mercado continuar a operar abaixo de US$ 2,00 por libra peso na bolsa de Nova York. De acordo com alguns exportadores, o volume de sacas armazenadas está 20% abaixo do normal e um dos motivos é a dificuldade em encontrar grãos de qualidade. Os comerciais indicam que aproximadamente 30% das amostras não estão sendo aproveitadas por não cumprirem o padrão mínimo de exigência.
 
Um exemplo desta situação se encontra em uma região de café de altíssima excelência na produção do aromático, o Sul de Minas Gerais. Entre os 58 produtores que fazem parte da Associação do Bairro Córrego Dantas, em Poços de Caldas, 90% enfrentam problemas de qualidade. Um experiente e tradicional produtor da região, Sr. Carlos Henrique Vieira, estima que pelo menos 30% de sua colheita já estão com comprometimento qualitativo.
 
Para a assessoria técnica do Conselho Nacional do Café, esta situação não deve perdurar por muito mais tempo, pois os estoques de trabalho continuam diminuindo, o que levará, em breve, a um movimento mais intenso de compra por parte das indústrias, o que acreditamos que tenha início a partir de setembro.
 
Atenciosamente,
 
Silas Brasileiro

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