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Aprimorando a bovinocultura


Decio Luiz Gazzoni
Aumentar a produtividade da agricultura confere competitividade e reduz o impacto ambiental, e o mesmo pode ser dito sobre os índices zootécnicos. Uma pesquisa recente relacionou o ganho de peso e o consumo de alimentos, utilizando um parâmetro pouco explorado no Brasil, o consumo alimentar residual (CAR). Os resultados da pesquisa podem aumentar a margem do agricultor e diminuir o impacto ambiental.
O CAR é a diferença entre o que o animal efetivamente consumiu e o que deveria comer, calculado por uma equação que relaciona o ganho médio diário, o peso do animal e a necessidade teórica de alimento para obter aquele ganho de peso. Caso consuma além do esperado, o bovino terá um CAR positivo, significando que ingeriu mais do que precisava para o ganho de peso observado – logo, é menos eficiente. Um CAR negativo indica que o bovino consumiu menos que o esperado, demonstrando eficiência na conversão alimentar.
O CAR pode ser um critério de seleção de reprodutores, gerando um novo padrão de eficiência na criação bovina. Atualmente, os programas de melhoramento genético no Brasil privilegiam os animais maiores, sem levar em consideração a eficiência da relação entre consumo efetivo e ganho de peso, e a velocidade do ganho. A dúvida é: animal maior é mais eficiente?
Para responder a questão, os pesquisadores estabularam os bovinos em baias individuais, para medir tanto a quantidade de alimento fornecido quanto as sobras, em um procedimento diário e contínuo. Entre os resultados obtidos estão diferenças nos extremos de consumo. O animal menos eficiente consumiu, diariamente, cerca de 1,6 quilo de matéria seca a mais que o animal de melhor desempenho, para obter ganho de peso similar. Imagine o ganho na boiada toda, do nascimento ao abate! Imagine o impacto no rebanho brasileiro!
E tem bônus: pesquisas realizadas nos EUA, Canadá e Austrália, concluíram que animais com CAR negativo produzem menor quantidade de metano, um dos principais gases de efeito estufa. A melhoria dos índices zootécnicos, além de tornar a pecuária mais eficiente, também permite liberar áreas de pastagem para a agricultura, reduzindo a expansão da fronteira agrícola e o consequente impacto ambiental negativo. 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja. www.gazzoni.eng.br

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