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Alternativas tecnológicas para a pecuária da Amazônia Ocidental. VI. Alimentação animal


Newton de Lucena Costa

1. Suplementação volumosa de vacas leiteiras durante o período seco - a baixa disponibilidade e valor nutritivo das pastagens no período de estiagem é um dos fatores mais limitantes à produção de leite. Face ao alto custo dos concentrados, a suplementação com volumosos é uma alternativa bastante prática para a alimentação dos animais em períodos de escassez de forragem. Para vacas leiteiras Holando-Zebú, pastejando B. humidicola, o fornecimento de capim-elefante (P. purpureum cv. Cameroon) - 20 kg de massa verde/an/dia; raízes de mandioca trituradas (2 kg/an/dia); capim-elefante mais raízes de mandioca (10 mais 5 kg/an/dia) e, raízes de mandioca mais Pueraria phaseoloides (3 mais 13 kg/an/dia), proporcionaram incrementos na produção de leite de 38; 36; 28 e 48%, respectivamente, em relação às vacas sem suplementação.

2. Utilização do feno de leguminosas na alimentação de ovelhas deslanadas - a atividade pecuária na Amazônia é realizada, na sua totalidade, em regime de pastagem, as quais apresentam períodos de abundância e escassez de alimentos, implicando ao longo do ano, em ganho e perda de peso dos animais. Desta forma, avaliou-se o efeito da suplementação do feno de D. ovalifolium sobre o ganho de peso de ovelhas deslanadas durante o período seco. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado com quatro tratamentos (T-1: sem suplementação; T-2: 80 g de feno/an/dia; T-3: 160 g de feno/an/dia e T-4: 240 g de feno an/dia). O experimento teve a duração de 42 dias, sendo 7 dias de adaptação. Foram utilizadas 20 ovelhas deslanadas da raça Santa Inês, com idade variando entre 12 e 24 meses e peso médio inicial de 27,35 kg. Os animais foram mantidos durante o dia em pastagens de B. brizantha cv. Marandu e à noite eram recolhidos em baias coletivas, onde recebiam, de acordo, com os tratamentos, o feno de desmódio (10,8% de PB) e sal mineral à vontade. Durante o período experimental, os animais do T-2 (49,32 g/an/dia e 1.460 g/an/período), T-3 (41,71 g/an/dia e 1.720 g/an/período) e T-4 (68,56 g/an/dia e 2.400 g/an/período) apresentaram ganho de peso significativamente superiores aos do T-1 (3,23 g/an/dia e 112 g/an/período). O consumo médio do feno por animal/dia para os T-2, T-3 e T-4 foram, respectivamente, 44,11g; 98,97g e 135,88g. Os resultados demonstraram a viabilidade técnica da utilização do feno de D. ovalifolium, durante o período seco, na alimentação de ovinos em Rondônia.

3. Utilização de bancos-de-proteína na alimentação de vacas leiteiras - as leguminosas forrageiras desempenham papel relevante na produção animal, notadamente na bovinocultura de leite, pois apresentam, em relação às gramíneas, maior conteúdo proteico, maior digestibilidade, maior tolerância à seca e menor declínio de sua qualidade à medida que a planta envelhece. Trabalhos realizados na Embrapa Rondônia demonstraram a viabilidade técnica da utilização de bancos-de-proteína na suplementação alimentar de vacas leiteiras Holando-Zebu no trópico úmido. Vacas que tiveram acesso ao banco-de-proteína de P. phaseoloides e D. ovalifolium (duas horas de pastejo, três vezes por semana), apresentaram produções médias diárias semelhantes entre si (8,15 x 7,97 e, 7,25 x 7,43 kg/vaca/dia, respectivamente para os períodos chuvoso e seco), porém superiores àquelas obtidas por vacas mantidas exclusivamente em pastagens de B. brizantha cv. Marandu (7,03 x 6,50 kg/vaca/dia, respectivamente para os períodos chuvoso e seco).

4. Utilização da casca do café na alimentação de ovinos deslanados - a criação intensiva de ruminantes os gastos com a nutrição animal representam um dos principais custos-de-produção. A busca por alimentos alternativos e de baixo valor comercial, como os resíduos e subprodutos agrícolas, representa uma forma de minimizar os gastos com alimentação. Desta forma, avaliou-se o efeito da utilização da casca do café sobre o desempenho produtivo de ovinos deslanados. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado com quatro tratamentos (T-1: 2,46 kg de capim-elefante/an/dia; T-2: 2,12 kg de capim-elefante mais 80 g de casca de café/an/dia; T-3: 1,88 kg de capim-elefante mais 140 g de casca de café/an/dia e T-4: 1,6 kg de capim-elefante mais 200 g de casca de café/an/dia). O experimento teve a duração de 33 dias com 7 dias de adaptação. Foram utilizadas 20 ovelhas deslanadas da raça Santa Inês, com idade variando entre 12 e 24 meses e peso médio inicial de 19,44 kg, as quais ficaram confinadas em aprisco coberto durante todo o período experimental. Os maiores ganhos de peso foram registrados no T-4 (49,09 g/an/dia), vindo a seguir os do T-2 (18,79 g/an/dia) e T-3 (15,15 g/an/dia), os quais não diferiram entre si, ficando o menor ganho com os animais do T-1 (5,13 g/an/dia). Com relação ao ganho/an/período, o maior valor foi obtido no T-4 (1.620g), seguindo-se os T-2 (620g), T-3 (498g) e T-1 (169g). Os resultados demonstraram a viabilidade técnica da utilização da casca de café na alimentação de ovinos em Rondônia.

João Avelar Magalhães (Embrapa Meio Norte), Ricardo Gomes de Araújo Pereira, Francelino Goulart da Silva Netto, José Ribamar da Cruz Oliveira (Embrapa Rondônia), Newton de Lucena Costa (Embrapa Amapá)

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