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Agricultura + 20


Decio Luiz Gazzoni
A ECO-92 ambicionou um porvir vinculando o desenvolvimento econômico à proteção do ambiente. Nesses 20 anos, pouca coisa vi mudar nas cidades. Elas poluem mais que antes, se a régua for a emissão de gases de efeito estufa. Já na agricultura brasileira, em 1992, tínhamos 1,3 milhões de hectares com plantio direto (4% da área de grãos). Em 2012, passamos de 32 milhões de hectares (75% da área). Um crescimento tão expressivo, que o Globo Rural escolheu a tecnologia como ícone da modernização da agricultura. Nelson Araújo, o repórter do GR, destacou o enorme crescimento da produtividade. Aos números: do fim da ECO-92 até hoje aumentamos a produtividade em 44% para o arroz, 72% para o milho, 48% para soja e 64% em trigo. Mais alimentos na mesma área, bilhões de árvores não derrubadas.

Aumentamos o plantio direto e reduzimos em 66% o gasto de diesel. Em 2011, a área de plantio direto economizou 1,34 bilhões de litros de diesel, deixando de emitir 3,59 bilhões de kg de CO2. Um ganho quase igual ao programa de biodiesel, outra contribuição da agricultura pós ECO-92. Falando em energia, ao tempo da ECO-92, 1 litro de diesel produzia 25 kg de grãos. Hoje, o mesmo litro produz 105 - 175 kg de grãos. Tomemos a soja como exemplo: eram 70 litros para produzir uma tonelada. E hoje: meros 9 litros!
Do diesel para a água. O consumo de água para produção de 1 kg de arroz irrigado caiu de 4.000 para 1.300 litros em 20 anos. Estamos perto do limite teórico, pois 1 kg de grãos necessita 1.000 litros de água de chuva ou de irrigação. Já temos até usinas de cana em que a água circula em circuito fechado – consumo zero!

Até a ECO-92, 20 toneladas de terra fértil eram lavadas de cada hectare com plantio convencional, a cada ano. Na RIO+20, o plantio direto reduziu em 96% a perda. Santa Eficiência!
Ou seja, o agricultor teve um currículo de bom comportamento para mostrar na RIO+20. Pode-se dizer o mesmo de quem vive na urbe? Das fábricas? Do transporte? Isto que no Brasil usamos muito etanol e biodiesel, que dizer de quem vive de petróleo e carvão. Lembre-se disso quando vier à tona mais uma discussão sobre quem prejudica e quem preserva o ambiente no Brasil.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja.

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