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Acesso a crédito mais flexível transforma o agronegócio



Tiago Piassum

É nítido que o mercado de crédito tradicional, até então dominado por grandes bancos e programas do governo federal, passa por um período de renovação. Mudanças regulatórias significativas e uma crescente demanda por opções de crédito mais flexíveis mudaram o cenário do mercado, e a ascensão das fintechs têm desempenhado um papel importante nesse processo.

Por meio de plataformas digitais, novas empresas oferecem produtos como empréstimos e financiamentos personalizados, simplificando o acesso ao crédito e desburocratizando o processo financeiro. As fintechs estão expandindo o acesso ao crédito em mercados emergentes, alcançando consumidores que anteriormente não teriam acesso aos serviços dos bancos convencionais.

No setor de agronegócio, o acesso a crédito mais flexível e inclusivo oferecido por fintechs e soluções baseadas em blockchain pode ser transformador. O financiamento é um desafio crítico para o setor agrícola brasileiro, especialmente diante das significativas perdas pós-colheita. Para se ter ideia, Mato Grosso, principal produtor de grãos do Brasil, possui capacidade de armazenamento insuficiente para metade de sua produção.

A utilização de plataformas de empréstimos entre pares, chamadas Peer-to-Peer (P2P), e inovações em blockchain pode oferecer alternativas mais rápidas e menos burocráticas para financiamento, essenciais para sustentar o crescimento e a inovação neste setor vital.

O (P2P) está redefinindo esse cenário, conectando diretamente credores e tomadores de empréstimos e eliminando a necessidade de intermediários tradicionais. Com taxas de juros mais baixas para os tomadores e retornos atrativos para os investidores, esse modelo está ganhando popularidade rapidamente. De acordo com o relatório "Peer-to-Peer Lending Global Market Report 2024", o mercado global de empréstimos P2P está projetado para expandir de R$143,54 bilhões em 2023 para R$190,22 bilhões em 2024, exibindo uma taxa de crescimento anual composta e 32,5%.

No campo das criptomoedas e blockchain, nota-se inovações significativas em termos de emissão de crédito e securitização de ativos. Projetos baseados em blockchain garantem transparência e reduzem a possibilidade de fraudes. A fintech americana Figure Technologies é um exemplo, utilizando blockchain para oferecer empréstimos ao consumidor e hipotecas, agilizando o processo e reduzindo custos e tempo de espera. Outro exemplo é a plataforma europeia Esketit, baseada na Letônia, que utiliza o "peer-to-peer lending" para possibilitar aos investidores financiar empréstimos de outros indivíduos, oferecendo diversificação de carteira e retornos atrativos.

O Open Banking facilita a troca mais ampla de informações financeiras entre instituições, incentivando a formação de produtos de crédito adaptados às necessidades individuais. Impulsionado por regulamentações como a PSD2 na União Europeia, seu objetivo é fortalecer a competitividade no setor financeiro. O modelo tem transformado significativamente o acesso ao crédito para trabalhadores independentes e pequenos empresários, e grandes empresas de tecnologia e plataformas da gig economy ganham espaço como alternativas flexíveis dentro do mercado.


*CEO e founder da Rivool Finance
 

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