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A sua fazenda é uma empresa rural?



Guilherme Augusto Vieira

A sua fazenda é uma empresa rural?

Guilherme Augusto Vieira[1]

https://guilhermeavieira.tumblr.com/

Em face dos cenários econômicos, as empresas brasileiras estão enfrentando um ambiente caracterizado pela incerteza, mercados oscilantes, alta do dólar, além de uma indefinição política. Todo este cenário é qualificado como uma grave crise econômica, embora todos saibamos que os mercados são caracterizados por ciclos econômicos.

Sem distinção, as empresas agropecuárias (fazendas, granjas, haras.etc.) enfrentam os mesmos problemas que as empresas dos outros seguimentos (indústria, comércio e serviços), exigindo do produtor rural uma nova visão na administração e gestão dos seus negócios.

Diante do panorama apresentado, é inegável a necessidade de abandonar a posição de sitiante/fazendeiro para assumir a posição de empresário rural, independente do tamanho da propriedade rural, do seu sistema de produção ou ambiente tecnológico.

Diante do quadro apresentado é importante que o (a) amigo (a) produtor (a) se situe na sua real condição: Sou um proprietário rural, um fazendeiro ou empresário rural?

 

Propriedade Rural: é o tipo de imóvel rural, próximo ou afastado da zona urbana, geralmente composta por uma casa (do dono ou do caseiro) e um terreno destinado à prática da agricultura e da pecuária. Comumente não apresenta uma atividade agropecuária ou se possui não tem nenhuma finalidade comercial.

São consideradas como aquelas chácaras, fazendas de final de semana, ou fazendas herdadas , cujo proprietário não tem conhecimento sobre agropecuária e não sabe o que fazer com a terra. Outros casos, o “dono” tem a terra e trabalha na perspectiva da especulação financeira.

Fazenda: É uma propriedade rural que apresenta estruturas para atividades agrícolas ou pecuárias.  Pode ser fazenda de produção agrícola ou pecuária. No Brasil, geralmente, as fazendas (a grande maioria) no Brasil não apresentam processos de gestão empresarial, planejamento da produção, orçamento e não trabalham com metas e objetivos, sendo que o capital financiador da “produção” vem da “outra” fonte de rendimentos do fazendeiro.

Segundo Nantes & Scarpelli (2007) a maioria das fazendas no Brasil estão no estágio de empreendimento rural tradicional ou empreendimento rural em transição.

O empreendimento rural tradicional é um tipo de empreendimento que possui equipamentos agrícolas ultrapassados, estrutura organizacional familiar, e as decisões (técnicas, econômicas) são estritamente empíricas, sujeitas a um alto grau de incertezas, sem controle algum sobre os resultados  técnicos, econômicos e financeiros.

O E.R. Tradicional caracteriza-se pela resistência natural do produtor para adoção de inovações fora do seu domínio de conhecimento, reduzida reciclagem de suporte técnico e os resultados são dependentes das variações climáticas, política agrícola e variações de mercado (alta e baixa das comodities agrícolas).

O empreendimento rural em transição são as fazendas que possuem algumas técnicas de produção, alguns processos de administração já foram introduzidos e o seu “gestor” tem a intenção de tornar sua fazenda em um empreendimento competitivo a médio e longo prazo.

Entretanto, esbarram nas questões econômicas e financeiras, falta de financiamento para ajudar a alavancar os seus negócios. A grande maioria dos gestores destes empreendimentos sofrem do “efeito bumerangue”: avançam em algumas questões, porém apresentam retrocessos em decisões em algumas áreas (por exemplo técnicas de produção, modelos gerenciais, contratação de consultorias) e os pensamentos tradicionais ainda estão fortemente arraigados nas suas concepções produtivas.

Geralmente são intensamente influenciados por amigos que testaram alguns produtos ou técnicas em suas fazendas, lhe passam as informações e adotam em suas fazendas.

O Capital e financiamentos da produção, possuem origem de fontes próprias: salários ou rendimentos de membros da família, vendas de outros bens pessoais, herança e novos negócios.

Por não possuir um modelo de gestão empresarial, assim como nos empreendimentos tradicionais, os resultados da sua “produção” são dependentes da política agrícola, condições climáticas e do mercado. Geralmente há uma reclamação que o preço da arroba do boi, do leite, do milho estão ruins e não pagam as contas (sic).

Empresa Rural, segundo Garcia (2013), é uma unidade de produção é uma unidade de produção que possui elevado nível de capital de exploração, alto grau de comercialização, tendo como objetivo técnico a sobrevivência, o crescimento e a busca pelo lucro.

Possui estrutura administrativa, trabalha com planejamento a médio e a longo prazo, estabelecendo objetivos e metas. Possui controle financeiro, trabalha geralmente em cima de índices produtivos e econômicos.

Quanto ao tipo de atividades, Garcia classifica as empresas rurais em agrícolas, de produção animal (pecuária de corte, leite, granjas de aves e suínos) e mistas.

Empresas rurais agrícolas são aquelas que trabalham somente produções agrícolas, altamente especializadas, podendo cultivar uma única cultura (café, milho, algodão, fruticultura, soja) ou culturas diversificadas ( cultivam milho, soja, café e algodão). Geralmente as empresas rurais agrícolas tem como foco o mercado internacional.

Empresas rurais de produção animal, são aquelas que desenvolvem somente atividade de produção animal: gado de corte, leite, granjas de aves e suínos. Também podem ser diversificadas (com duas ou mais produções animais).

Empresas rurais mistas são aquelas que desenvolvem tanto atividades agrícolas e produção animal (vide artigo de nossa autoria neste Portal Agrolink).

A empresa rural encontra-se no estágio de empreendimento rural moderno, cujo processo suplantou a etapa de transição e adaptou-se as novas demandas mercadológicas.  Apresenta um equilíbrio entre seus aspectos de capaciatação gerencial, adequação tecnológica e desempenho econômico.

Este empreendimento trabalha na perspectiva de obter resultados e processos de gestão.

Por fim convido o(a) amigo (a) a fazer uma reflexão: Minha fazenda encontra-se em qual estágio:  tradicional, em transição ou na empresa rural moderna? Deseja responder, envie sua resposta para [email protected].

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Até uma próxima oportunidade.

 

[1] Guilherme Augusto Vieira é Médico Veterinário pela EVZ/UFG, Doutor em História das Ciências pela UFBA, Professor e Coordenador da VeteAgrogestão e Vag Cursos, autor dos livros como montar uma farmácia na fazenda, O agronegócio e a produção agropecuária e os Manuais práticos semiconfinamento e confinamento. Conteudista do programa Giro do Boi no Canal Rural. Contatos: www.semiconfinamento.com.br  e https://guilhermeavieira.tumblr.com/

 

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