Embora a economia do Brasil esteja sendo duramente afetada pelos impactos socioeconômicos da pandemia de Covid-19, as exportações do agronegócio deverão atingir recorde histórico em 2020, segundo a Consultoria Cogo: US$ 106,1 bilhões, ante importações de apenas US$ 12,3 bilhões; saldo – também recorde - de 93,8 bilhões.
A China, conforme rotina dos últimos anos, será responsável por abocanhar a maior parte das exportações do agronegócio brasileiro: 40%, seguida pela União Europeia com 16% e Estados Unidos (EUA) com 6%. Importante salientar a evolução das exportações do agro brasileiro, que saltaram de US$ 21 bilhões no ano de 2000, para US$ 106,1 bilhões em 2020. Valor cinco vezes maior, em apenas 20 anos. As importações, por sua vez, apenas dobraram de tamanho (US$ 6 bilhões em 2000 vs. US$ 12 bilhões em 2020).
O agronegócio continua puxando as exportações brasileiras. De acordo com o Boletim da Balança do Agronegócio divulgado dia 12/8/2020 pelo MAPA, as exportações no mês de julho deixaram um superávit US $ 8 bilhões, um dos maiores saldos positivos para um único mês. Este montante representa 51,2% do valor total exportado pelo Brasil. O desempenho foi liderado pelo açúcar, que teve alta de 92,3%.
Até o momento, a crise financeira gerada pela pandemia não tem afetado a dimensão econômica do agronegócio brasileiro, que ultrapassa a cada ano o recorde de produção da temporada anterior, estimulado pela crescente demanda mundial por grãos e carnes, produzidos em abundância pelo Brasil, dadas suas condições favoráveis de clima e de solo, associados ao empreendedorismo e excelente nível tecnológico dos agricultores brasileiros para produzir em climas tropicais com baixas latitudes. Os bons lucros auferidos pelos produtores na comercialização das safras, patrocinado, principalmente, pela desvalorização do Real, também constituem estímulo para mais avanços na produção agropecuária do País.
A soja, como também tem sido rotina nas últimas décadas, lidera o ranking de produtos agrícolas exportados pelo País, tanto em volume quanto em recursos financeiros gerados. Mas, apesar do crescimento consistente da oferta brasileira do grão, em razão do aumento da produtividade e da área cultivada, a área cultivada com a oleaginosa não para de crescer, aproveitando milhões de hectares de pastagens degradadas, subutilizadas pelos pecuaristas e contrastando com a maioria das demais culturas brasileiras (arroz, trigo, feijão, algodão), as quais apresentaram quedas consistentes de área, mas ganho de produção, por causa dos aumentos expressivos da produtividade.
Para a temporada 2020/2021, é estimado um aumento da área cultivada com a oleaginosa de 10,1%. A área total de milho também crescerá 2,6%, mas pela força do milho segunda safra.
A área de milho primeira safra, que já respondeu por quase 13 milhões de hectares (Mha) no início da década de 1990, foi reduzida para menos de 5.0 Mha, cultivados principalmente em alguns locais da Região Sul ou Sudeste (Minas Gerais, em especial). A parcela mais expressiva da área perdida pelo milho primeira safra foi majoritariamente incorporada pela soja.
A partir do aumento da área cultivada e de uma expectativa de clima favorável, a próxima safra brasileira de soja está estimada em 133,3 Mt, pela Cogo. Caso o prognóstico se confirme, o Brasil voltará a superar os EUA, cuja última previsão do United States Department of Agriculture (USDA), aponta uma safra de 120,4 Mt. Estimativas atuais apontam que Brasil e EUA devem responder por 88% do comércio mundial de soja, exportando, respectivamente, 86,5 Mt (54%) e 55,8 Mt (34%).
Além das exportações de grão, ressalta-se que o Brasil processa cerca de 40% da soja que produz e gera aproximadamente 36 Mt de farelo, sendo metade exportada para países como Tailândia, Indonésia e Holanda, entre outros; a outra metade é direcionada para a cadeia produtiva de carnes, sobretudo para a alimentação de suínos e frangos. Por sua vez, 90% do óleo de soja produzido pelo País é consumido internamente, principalmente como óleo de cozinha e biodiesel. Nesse contexto, a soja mantém o status de principal cultura agrícola brasileira, com um sólido mercado, tanto doméstico quanto internacional.