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A produção da cana-de-açúcar em 2014



ANDRE MARQUES VALIO
Depois de realizar uma varredura nas diferentes regiões do Cinturão Centro-Sul da Canavicultura, chegamos às seguintes conclusões:
1) O rendimento agrícola da cana-de-açúcar (TCH) está entre 3% e 25% abaixo das previsões realizadas entre Outubro e Novembro de 2013 para a safra atual.
2) O teor médio de fibra da cana, importante indicador para estimar o volume disponível de bagaço para a cogeração de energia está abaixo do esperado, mesmo com a menor precipitação pluviométrica, devido ao fato da cana-de-açúcar não ter se desenvolvido. O agravante é que existe uma tendência de que com o avançar da safra, os teores de fibra diminuam ainda mais, pois as indústrias moeram volumes consideráveis de cana com idade fisiológica inferior a 11 meses.

3) O teor de açúcar médio nas canas está acima do esperado para o período, pois com a baixa precipitação, o ATR obtido está acima de 122 em diversas unidades, quando nesta época o normal para março seria entre 114 e 118, em condições de ausência da utilização de maturadores / reguladores fisiológicos. Este indicador favorece a eficiência no processo industrial, reduzindo as perdas na Extração e na Fermentação, principalmente.
4) Uma estratégia utilizada pelas usinas para aumentar o TCH e elevar o teor de fibra é cortar a cana integral ou pelo menos desligar parcialmente o sistema de limpeza de palha das colhedoras. Isto faz com que os custos de transporte da cana fiquem mais elevados (com uma ligeira compensação com o menor consumo de combustível por parte das colhedoras), pois a palha gera menores densidades de carga. Além disso, no processo industrial, há a necessidade de maior captação de água, pois torna-se necessário maior embebição no processo de extração e a contaminação do caldo com dextranas e leveduras selvagens gera maior consumo de antibióticos para desinfecção do caldo, além de menor qualidade no açúcar produzido e maior produção de CO2 no processo fermentativo.

5) Os canaviais com menor TCH geram maiores custos no processo de colheita (CCT), pois há uma significativa redução de quilogramas de colmos de cana por metro linear que as máquinas percorrem. As nossas previsões sinalizam custos médios de 1.08BRL por tonelada para cada Km no CCT contra um custo de 0.88BRL/t*Km em um canavial dentro das produtividades históricas. Como 1 tonelada de cana gera aproximadamente 85 litros de etanol, o custo de produção de etanol fica 0.07BRL/litro mais caro para uma usina que tem uma distância média de 30km entre os canaviais e a indústria.
6) A utilização de máquinas recolhedoras de palha para a mistura com o bagaço e posterior queima para a geração de energia elétrica crescerá este ano com o objetivo de compensar o menor volume de bagaço e garantir o cumprimento dos contratos de fornecimento de energia firmados. O contraponto disso é que várias usinas que vão iniciar a implantação desta atividade não havia previsto verbas orçamentarias para esta finalidade. E a grande quantidade de impurezas minerais e sílica presente em maior concentração nas folhas do que no bagaço gerarão maiores atenções e melhor manutenção nas caldeiras.

7) Na maior parte do Centro-Sul prevalecerá a anomalia de menor volume de chuva para o trimestre Abril-Maio-Junho, acelerando o caminhamento da colheita. A partir de Julho, alguns indicadores de monitoramento do Pacífico Sul indicam a possibilidade de surgimento de um novo El Niño, podendo gerar uma inversão do volume de chuvas a partir de Agosto, onde gerará um comprometimento da qualidade da cana e da longevidade do canavial se as áreas de colheita previstas para o final de safra tiverem que ser colhidas em condições de alta umidade no solo.
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