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A necessidade de escolher bem



Manoel Carlos Ortolan

O início da propaganda no rádio e na televisão nesta semana deve estimular o interesse do cidadão para as eleições municipais, que acontecem no dia 5 de outubro. Até então, a campanha eleitoral estava discreta, sem chamar muito a atenção dos eleitores. E esse despertar é importante porque, de todos os pleitos, o municipal é o que interfere mais diretamente na vida da comunidade, seguindo o que costumava dizer o governador Franco Montoro: “o cidadão não mora na União, não mora no Estado, mora no município”. E, dessa forma, precisamos escolher bem.

O processo eleitoral evolui muito, se considerarmos que, no início da República, o “voto de cabresto” transformava o ato de ir às urnas em uma mera encenação e que, mais recentemente, o país ficou décadas, durante a ditadura, sem eleições diretas. O direito ao voto só foi consolidado em 1989, quando o eleitor foi às urnas eleger o presidente da República. Até então, a última eleição direta para a Presidência tinha sido em 1960.

Ao longo dos pleitos, o eleitorado brasileiro tem, por tentativa e erro, aprendido aos poucos a escolher seus representantes. E a legislação que rege o processo eleitoral se tornou mais rígida, principalmente nas últimas eleições, a fim de coibir a compra de votos e garantir a igualdade de condições entre os candidatos.

O certo é que a política brasileira não tem dado muito bons exemplos, desanimando o eleitor. E isso é facilmente percebido nas pesquisas que são feitas. A última delas, realizada pela Associação dos Magistrados Brasileiros no mês passado, mostrou que 85% dos entrevistados consideram que a política é uma atividade que beneficia, principalmente, os políticos e não o povo, e 82% disseram concordar que a maioria dos políticos não cumpre suas promessas de campanha.

Parte dos eleitores nem se lembra em quem votou e muitos nem votariam, se não fosse obrigatório. E nesse desânimo é que mora o perigo de escolher qualquer um. Assim, a definição de um candidato tem que seguir critérios que vão desde suas propostas, sua capacidade de participar de forma efetiva da administração, se está presente na comunidade, quem o apóia, se sua ficha é limpa e se há sinceridade em seus projetos.

No processo de escolha deve haver uma identificação entre os interesses do eleitor e do candidato. E, pelo fato de a região ser fortemente marcada pelo agronegócio, é importante que os cidadãos e, principalmente, os produtores procurem identificar os candidatos com ligação com o setor porque serão eles que vão legislar e definir as regras e condições para a nossa realidade. O setor hoje é alvo de legislações surreais e é sempre responsabilizado em questões sobre as quais ele não é o único agente.

Hoje o produtor não sabe se vai amanhecer com suas terras ocupadas por algum movimento, pela fiscalização ou pela polícia. Essa insegurança no campo prejudica a produção e penaliza as comunidades que dependem do agronegócio. E mudar essa realidade implica na eleição de candidatos que conheçam o setor e esse raciocínio também deve ser usado para as eleições ao governo do Estado, para a Presidência da República e para os Legislativos estadual e federal. Quem tem de cuidar do nosso futuro somos nós mesmos e isso passa pela escolha dos nossos representantes em todos os níveis, seja no municipal, estadual e federal. Pensemos sobre isso.

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