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A inflação de alimentos só recuará com muito mais estufas


Climaco Cezar de Souza
O peso do Item “Alimentos” no calculo do IPCA mensal é elevadíssimo, chegando a 24,7% do Índice, ante 18,9% pelo item transporte; 14,5% pelo item habitação; 11,3% pelo item saúde e cuidados pessoais; 10,6% pelas despesas pessoais e apenas 4,6% de participação da educação. 
VIDE: 
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/inpc_ipca/srmipca_pof_2008_2009.pdf 
Quando medidos nas grandes capitais do Sudeste/Sul, o item Alimentos ganha proporção e importância gigantes, pois, entre as 13 principais analisadas, somente a flutuação diária/mensal dos preços totais em SP tem peso de 30,67% (no IPCA total); no Rio de 12,06%; em Belo Horizonte de 10,86%; em Porto Alegre de 8,40% e em Curitiba de 7,79%. Assim, na soma, apenas as flutuações nestas 5 capitais gigantes contribuem para cerca de 70,0% do calculo do IPCA mensal, boa parte com alimentos como acima citado. 
VIDE: 
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/inpc_ipca/ipca-inpc_201409_1.shtm 
Como sabemos, estes pesos precisam ser revistos periodicamente pelas PNAD/POF, conforme Lei e Acordos internacionais, sendo o mais recente os acima de dezembro/2013 (recente o IBGE admitiu erros no seu calculo e está revisando-os). Os pesos % de todos os alimentos, utilizados no cálculo do IPCA em setembro/2014, podem ser vistos em escala decrescente no arquivo abaixo em Excel zipado abaixo descrito, tanto em nível Pais (ponderado) como nas principais capitais. 
PARA VER OS PESOS DO IPCA 15 DE TODOS OS ALIMENTOS E NAS CAPITAIS ANALISADAS EM EXCEL ZIPADO (4ª aba) MAIS A VARIAÇÃO ENTRE SETEMBRO E AGOSTO/2014; MAIS ENTRE SETEMBRO E JANEIRO/2014 e ENTRE SETEMBRO E AGOSTO/2013 (1ª a 3ª aba), BAIXES EM: 
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/inpc_ipca/defaultsubitem.shtm 
Note-se que o SUB-ITEM ALIMENTAÇÃO NO DOMICILIO, mesmo com a elevada participação somada de 16,00% cfe. linha 9 no calculo dos alimentos no IPCA (24,7% cfe acima), atualmente, tem menor importância quando comparado com o ALIMENTAÇÃO FORA DO DOMICILIO, com baixa participação de 8,73% no IPCA Alimentos, cfe linha 179, MAS COM ALTA E CRESCENTE OSCILAÇÃO MENSAL DE VALORES E IMPORTÂNCIA NAS DEMANDAS ESPECIALIZADAS.  
Pois bem, no SUB-ITEM ALIMENTAÇÃO NO DOMICILIO, pela ordem de importância, os principais grupos de alimentos responsáveis são: 1) Carnes (2,60% na linha 74); 2) Leite e derivados com 2,08% de peso (linha 128); 3) Panificados com 1,98% (linha 136);4) Bebidas e infusões com 1,84% (linha 147). Já o grupo dos cereais + leguminosas (que incluiu os muitos tipos de feijão cfe. IBGE) + oleaginosas tem apenas 0,89% de participação, sendo liderado, obviamente, pelo arroz (cereal). 
ASSIM, NO CALCULO DA IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DOS GRUPOS, SUB-ITENS E ITENS NO IPCA ALIMENTOS, NÃO BASTA APENAS VERMOS OS PESOS DE CADA, sendo necessário observar-se também as flutuações diárias dos preços de cada alimento, POIS o peso do grupo pode ser baixo, mas a sua variação diária e mensal pode SER ELEVADISSIMA EM DETERMINADA SEMANA OU MÊS, situação comum na entressafra dos grãos/cereais e nas elevadas perdas de hortifrutigranjeiros, principalmente nos casos de excesso de chuvas e/ou de ataques de pragas/doenças (chamados de item de ciclo curtíssimo ou curto e incluindo o feijão). Estes últimos itens, com alta sazonalidade diária, são tão importantes que são re-calculados em separado através da ferramenta estatística de Laspyeres e outras de amplo uso internacional. 
Vide também parte da metodologia na primeira página e  tabela 1 de:  
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/inpc_ipca/srmipca.pdf 
Descrição das metodologias alternativas para os itens sazonais – experiência internacional: 
a)    Índice de Cestas Sazonais (“Seasonal-basket índex”);
b)    Índice de Rothwell;
c)    Índice de Cesta Anual Tipo Híbrido;
d)    Índice Geométrico;
e)    Índice de Laspeyres. 
Vejam que as carnes “in natura” foram as campeãs de elevação em 2014, pois, somente entre janeiro e agosto, já subiram +8,79%. A seguir, tivemos as carnes e pescados industrializados com elevação anual de +7,65% e, estranhamente, sal e condimentos com +6,76% no acumulado. 
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/inpc_ipca/ipca-inpc_201409caderno.pdf 
O mais interessante, e até estranho, é que - como os itens hortifrutigranjeiros + alguns legumes como feijão e vagens também têm alta flutuação diária de preços aos consumidores (pelos efeitos climáticos e pragas/doenças) NOS EUA (segundo informes) - ELES SÃO EXPURGADOS DO CALCULO DA INFLAÇÃO DIÁRIA E MENSAL (CPI – “consumer price index”), POIS SÃO CONSIDERADOS COMO ITENS COM ALTO POSSÍVEL NIVEL DE SUBSTITUIÇÃO PELOS DEMANDANTES, TANTO NO DOMICILIO, COMO FORA DELE. 
No Brasil, na prática, ocorre o mesmo, mas tais variações ainda não são expurgadas. “Assim, uma coisa é medir a variação teórica dos preços coletados nos supermercados e restaurantes/lanchonetes e da comida institucional e outra, bem diferente, é medir a real despesa diária/semanal das famílias com alimentos e bebidas (inclusive com seus sucedâneos), isto é, não se deveria basear apenas na POF teórica e defasada e que, para ser real e para tanto, precisaria ter analise no mínimo semanal”. “Ocorre que um preço de um determinado item pode subir muito em uma semana com muita chuva (ou muita seca ou com severo ataque regional de pragas/doenças), por exemplo, e os PREÇOS IMEDIATOS NOS SUPERMERCADOS E RESTAURANTES ETC.. REFLETIREM ISTO, mas o consumidor, EM SEU DOMICILIO, sabiamente, não o compra ou o troca por outro mais barato”.
Também na Europa, a participação de tais itens no calculo da inflação diária é muito pequena, pois, nos últimos anos (em especial na Espanha, Portugal, Inglaterra, Holanda e Itália, os maiores produtores), os agricultores estão sendo muito incentivados a produzi-los mais sob estufas e estufins (inclusive em hidroponia com canteiros elevados e em diversos andares para exportação, principalmente se orgânicos). O mesmo ocorre na China (o maior produtor mundial de hortifruti em estufas), no Japão e demais asiáticos.
Vide mais em: 
1)     Produção em estufas: a Agricultura do futuro: 
http://investidor.pt/producao-em-estufa-agricultura-do-futuro/ 
2)     Estufas holandesas para enfrentar a crise de alimentos: 
http://archief.rnw.nl/portugues/article/estufas-holandesas-para-enfrentar-a-crise-de-alimentos 
3)     Fazenda vertical é solução para desafios enfrentados pela agricultura: 
http://noticias.terra.com.br/ciencia/fazenda-vertical-e-solucao-para-desafios-enfrentados-pela-agricultura,68e2d97833db8410VgnCLD200000b2bf46d0RCRD.html 
4) Como Os LEDs Vão Revolucionar o Cultivo em Estufa: 
http://www.technologyreview.com.br/blog/post.aspx?bid=374&bpid=30493

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