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A importância da nutrição das espécies nos processos de restauração florestal


Opinião Livre
Atualmente observamos um variado ritmo de restauração de áreas degradadas no Brasil. Os modelos de restauração de vegetação nativa florestal mais estruturados e com bases científicas (restauração ecológica) são considerados recentes no mundo. Aqui no Brasil, os avanços técnicos mais importantes ocorreram a não mais do que 20 anos. Apesar do “salto” de conhecimento técnico, através da pesquisa científica, a efetividade dos projetos de restauração de florestas nativas em nosso país ainda é muito baixa, pois carece de maior conexão com os instrumentos que facilitem a aplicação deste conhecimento científico.


A partir da definição do novo Código Florestal Brasileiro, em 25 de maio de 2012, que prevê a obrigatoriedade da restauração de Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal nas propriedades rurais, a restauração florestal deverá intensificar-se nos próximos anos. Neste contexto, a restauração dessas áreas degradadas, incluindo o plantio de espécies florestais nativas, ganham cada vez mais relevância, envolvendo, produtores de sementes e mudas e empresas especializadas em restauração, além de instituições apoiadoras, como centros de pesquisa e universidades.

Há alguns anos atrás, o senso comum podia entender que restaurar era uma atividade cujo sucesso era contar tão somente com o plantio de um determinado número de mudas em uma área a ser recuperada, sem se preocupar com a sustentabilidade dessas iniciativas. Hoje, o conhecimento sobre a biologia dessas espécies nativas que vaso ser usadas na restauração e sobre as interações dessas espécies entre si e com o meio são requisitos necessários para se garantir a efetividade e sustentabilidade desses projetos de restauração. Daí a importância do maior conhecimento sobre todas as variáveis deste processo, permitindo definir a necessidade da adoção de ações corretivas, buscando garantir o sucesso nessas iniciativas de restauração ecológica, com destaque para as iniciativas do produtor rural, em função das exigências da nova legislação ambiental.


Quanto mais conhecimento gerado sobre todo o processo de restauração ecológica, melhores as condições de se fazer intervenções precisas e alcançar maior eficiência. O início da restauração foi com o plantio “aleatório” de espécies nativas e exóticas, que evoluiu para um plantio orientado de grupos funcionais, visando reconstituir a floresta nativa dentro do conceito de sustentabilidade; ou seja, alcançar melhores resultados com o uso eficiente dos recursos, apontando para a perpetuação efetiva daquele fragmento restaurado de vegetação nativa, e todas as suas decorrências positivas.

Neste contexto, o conhecimento aplicado sobre a nutrição das espécies nativas é fundamental, pois durante o processo de produção de mudas e de desenvolvimento de uma floresta, as espécies demandam nutrientes específicos para acelerar e “garantir” sua perenidade. A intervenção na nutrição durante o processo de produção de mudas e de plantio dessas mudas passou a ser uma variável de muita importância na relação custo/benefício. Já existe alguma literatura sobre nutrição vegetal, mas a maioria é dedicada a análises de plantas cultivadas e não para nativas, que tem exigências muito distintas. A linguagem muito acadêmica também sempre foi uma barreira entre o conhecimento e os que necessitam aplicá-lo. Daí a importância de um instrumento de conhecimento prático e aplicável para apoiar o desenvolvimento dos processos de reflorestamento.


Outra questão a ser destacada é a importância do monitoramento e do acompanhamento do crescimento das florestas restauradas. Para isso, o uso dos avanços tecnológicos também é um aliado. Por isso, acreditamos que, daqui em diante, os processos de restauração florestal só serão mais rápidos e eficientes se forem apoiados em dois pilares muito sólidos: tecnologia e educação, ou seja, informação aplicada e conhecimento ao alcance das pessoas.

*Fernando Feitoza é gerente de Educação para Sustentabilidade da Fundação Espaço ECO®; Ricardo Ribeiro Rodrigues é um dos autores do Guia de Nutrição para Espécies Florestais Nativas.

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