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A Força Feminina no Agronegócio: Conquistas e Desafios



Marciele Pandolfo

A sociedade e o mercado de trabalho evoluíram positivamente nos últimos anos em relação à atuação feminina no agronegócio. Mesmo sendo reconhecida como uma área predominantemente masculina, o número de mulheres ocupando cargos de liderança vem
aumentando. Devido a sua visão sistêmica, direcionada para pessoas e não somente para produtos, engajamento e inovação oferecidos no campo, e fora dele, auxiliam os produtores e assim, se destacam fortemente no ramo agrícola.

O estudo do Perfil da Mulher do Agronegócio Brasileiro realizado pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) e Instituto de Estudos do Agronegócio (IEag) em 2016, indicou que a atuação do sexo feminino na agricultura é mais popular na cultura da soja e na
bovinocultura. 73% ocupam o cargo de administração e utilizam suas redes de contatos como ferramenta de apoio para o sucesso nas decisões da empresa, seguindo a tendência de compartilhar conhecimento. As mulheres têm revolucionado a maneira de gerir seus negócios na era da agricultura da informação.

Neste cenário de crescimento e empoderamento feminino destaca-se uma iniciativa do Ministério da Agricultura, o Plano Agro + Mulher, que tem como objetivo fortalecer o trabalho delas no campo, capacitando-as através de ações institucionais e parcerias, gerando igualdade de oportunidades aos espaços de tomada de decisão no agronegócio brasileiro.

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) da ESALQ/USP, em pesquisa realizada em 2019, avaliou o cenário feminino na agricultura brasileiro entre 2004 e 2015. Concluiu que o número de mulheres atuando nesta área cresceu em 8,3%, porém essa participação ainda é baixa e abrangendo principalmente agroindústrias e agrosserviços. Dentre os desafios ainda enfrentados por elas no campo, estão o preconceito e a desigualdade de gênero. Embora os rendimentos médios das empregadas no setor agro tenham aumentado no período, nota-se que os índices permaneceram entre 21 a 30% abaixo do recebido por homens na mesma categoria analisada.

A pesquisa indicou uma maior intensidade feminina no negócio agrícola do que em outros setores da economia, sendo uma influência positiva, pois abre possibilidades para o desempenho delas em um ambiente que antes era dominado pelos homens, tornando-as agente de mudanças.

As barreiras para alcançar a equidade de gêneros existem, no entanto, avanços foram dados, como exemplifica a Engenheira Agrônoma Patrícia Cristine Severo. “Quando me formei em 2002, comecei a trabalhar numa empresa da área de tabaco e convivi com colegas homens.

Havia um certo preconceito na época por eu ser uma profissional feminina em uma área tão masculina. Com o passar do tempo, fui ganhando confiança e meu trabalho reconhecido por todos. Atualmente, coordeno a área de assuntos regulatórios no ramo de defensivos agrícolas, onde as mulheres ocupam 90% dos cargos”, comenta Patrícia. O equilíbrio de direitos e oportunidades entre homens e mulheres tem um longo caminho para ser trilhado. A presença feminina no avanço do agronegócio deve ser valorizada, deixando de ser coadjuvante e passando a ter seu merecido destaque no mercado agrícola mundial.

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