CI

Choque de gestão pública


Argemiro Luís Brum
Em 1994, quando o Brasil finalmente conseguiu estabilizar a economia através do Plano Real, o momento nacional era de um “choque de capitalismo”. Ou seja, produzir, vender e gerar empregos num ambiente de inflação baixa, com menos intervencionismo estatal e mais eficiência mercadológica. Passados 20 anos, temos agora urgentemente que realizar um “choque de gestão pública” que concretize uma melhor administração pública nacional em geral. O mesmo passa pelas reformas estruturais do país, já conhecidas e muito faladas, porém, jamais realizadas. A Argentina, por não ter feito o dever de casa, assim como a Venezuela e outros tantos países, enfrenta hoje um caos econômico tal que acaba de consolidar um calote dentro do calote já realizado em 2001 de sua dívida externa. Para o Brasil não entrar nesta mesma realidade urgente se faz que o governo ajuste as contas públicas. Não é mais possível continuar a gastar mais do que arrecada, além de gastar mal. As alternativas para tal procedimento se esgotam rapidamente, na medida em que a venda de títulos públicos já elevou a dívida pública para US$ 1,0 trilhão no momento; a arrecadação de impostos, que atinge a 37% do PIB em sua integralidade, chegou ao limite para as empresas e as famílias. Também pudera, entre a Constituição de 1988 e o ano de 2008 o país gerou 3,7 milhões de normas tributárias em todas as esferas de poder. Uma média de 50 por dia útil. Além disso, temos mais de 60 tributos e taxas vigorando no país, fora os impostos em cascata e a enorme burocracia. De 2008 para cá a situação apenas piorou consideravelmente. Junto com a baixa competitividade do trabalho e do capital, esse é outro fator que impede que sejamos eficientes e avancemos produtivamente. Para corrigir isso, somente com eficiência na gestão pública. O problema é que na prática está ocorrendo o contrário. Senão vejamos: a) o superávit primário, estabelecido em apenas 1,9% do PIB para 2014, o Brasil não está conseguindo cumprir. Findo o primeiro semestre do corrente ano, as contas do governo apresentaram o pior resultado dos últimos 14 anos. A incompetência gerencial na área pública é tanta que até junho o governo brasileiro cumpriu apenas 21,3% da meta anual em termos de superávit primário; b) a Previdência Social terminou o primeiro semestre com um déficit de R$ 23,48 bilhões, após um rombo de R$ 29 bilhões no primeiro semestre de 2013; c) o Tribunal de Contas da União apontou falhas generalizadas na gestão em diferentes programas sociais do atual governo, a começar pelo Minha Casa Minha Vida (serviços de baixa qualidade, projetos mal feitos e deficiências de planejamento); e assim vamos. Está na hora, portanto, de um choque de gestão no serviço público. Não há como esse país avançar sem o mesmo. Resta esperar que os brasileiros, nas eleições de outubro, finalmente escolham um governo que faça o dever de casa!

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.