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Causas de mortalidade das abelhas


Decio Luiz Gazzoni
Esta semana apresentei palestra no Congresso Brasileiro de Entomologia sobre polinizadores e os riscos a que estão submetidos. A sociedade valoriza as abelhas mais pelo mel, cera ou própolis, do que pelo serviço de polinização, um dos mais importantes serviços ambientais. No entanto, atente-se que, para 74 das plantas cujos produtos são mais consumidos no mundo, a polinização é essencial. O valor do serviço ambiental de polinização é estimado em €150 bilhões na Europa e em US$200 bilhões nos EUA.

Embora a agricultura seja muito dependente do serviço de polinização, este é afetado negativamente por atividades antropogênicas, especialmente a agricultura.
A mortalidade de abelhas é um fenômeno secular e ocorre tanto por ciclos naturais, quanto por patógenos (bactérias, vírus, fungos, nematoides), ácaros, estresse nutricional, plantas tóxicas, estresse de movimentação, falta de habitat, estresse térmico e por agrotóxicos. Os agrotóxicos em geral, e neonicotinoides em particular, são tóxicos tóxicos para abelhas.
Recentemente uma forma de desaparecimento, sem causas definitivamente esclarecidas foi denominada de Distúrbio do Colapso das Colônias. Entre as causas aventadas está o efeito de inseticidas, entre eles os neonicotinoides, cujas doses subletais provocariam desorientação nas abelhas. Entretanto, para a grande maioria dos estudos identificados na literatura, os efeitos subletais somente ocorrem em doses superiores àquelas as quais as abelhas estão expostas no campo, tanto para as silvestres quanto a doméstica.

Os casos identificados na literatura de mortalidade de abelhas por uso de agrotóxicos estão sempre associados ao descaso com as boas práticas agrícolas. Para tanto propus que o Brasil disponha de legislação adequada sobre o tema, com processos continuados e abrangentes de educação e conscientização do agricultor, com fiscalização adequada, e com meta de Acidente Zero. Para atingir a meta é necessário otimizar os parâmetros da tecnologia de aplicação de agrotóxicos, com treinamento e conscientização de produtores e aplicadores e restrições às aplicações em determinadas épocas ou cultivos.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja.

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