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Carne Bovina Brasileira: quem de fato se prevalece do protecionismo?


Henrique Victorelli Neto

Dos episódios envolvendo a carne bovina brasileira e o bloco europeu, devemos tentar extrair algumas lições e enxergar algumas realidades encobertas pela poeira levantada neste embate.

A discussão travada nestes últimos dias, ao contrário do que possa parecer, está se desenvolvendo de maneira madura.
A bancada ruralista e as entidades de classe, realizando as pressões emanadas do setor produtivo, estão sendo totalmente legítimas.
De outro lado, o Governo, através do Ministério da Agricultura, atua para manter abertas as portas do mercado para os produtos brasileiros, fazendo, para isto, um trabalho técnico e sereno, sem paixão envolvida.

A Europa é um tradicional parceiro nas compras de carne bovina brasileira, servindo ainda como uma chancela para o Brasil acessar tantos outros mercados.
O Brasil é o maior exportador mundial - tem o maior rebanho comercial  e participa com cerca de 30% do mercado internacional de carne bovina -, e deve buscar, além do mercado quantitativo, também o qualitativo.
Ou seja,  se a EU quer um sistema de certificação aprimorado, como fornecedores temos que avaliar o custo-benefício e este, sendo positivo, cria-se uma oportunidade. Todo produto tem seu valor. Quem exige mais, paga mais pela exigência.

Agora, o que devemos incluir nesta pauta de discussão são os verdadeiros protecionistas.
A carne bovina brasileira somente acessa 50% do mercado mundial de compradores, a outra metade está fechada por conta das perversas barreiras.
Por exemplo, os EUA e seu bloco NAFTA somente compram nossa carne industrializada. Nenhum quilo de carne "in natura".

Outro exemplo é o Japão, com quem temos Estados-irmãos, Cidades-irmãs e estamos neste ano comemorando 100 anos de Imigração no Brasil. O País é um dos principais compradores de carne bovina no mundo, paga um bom preço e, do Brasil, nada.
Dizem que não temos garantias sanitárias, temos problemas com aftosa. Sequer abrem a oportunidade para concorrermos com países como a Austrália para fornecermos nossa carne.

Estes sim são protecionistas.
Seguramente se não enfrentássemos estas barreiras que nos são impostas, poderíamos dobrar nossas exportações. E ainda entre países que remuneram melhor.
Talvez este seja o momento, quando o assunto está acalorado e as lideranças unidas, de ampliarmos o alvo das pressões do segmento,  e incluirmos os verdadeiros protecionistas.

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