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Apelo aos vivos.



Rui Alberto Wolfart

Aproprio-me do título de livro escrito por Roger Garaudy, para contribuir com o debate objetivando à reconstrução do Rio Grande do Sul. Escreveu Garaudy, que “a cultura é o conjunto das relações que o homem mantém com a natureza, com outros homens, com o futuro e o divino.”.

As cenas impactantes, em todas as regiões riograndenses atingidas, dão uma pista do tamanho e do tempo necessários para seu reerguimento. A torrente de contribuições, de toda ordem vinda de todo Brasil, demonstra o cimento que une os brasileiros de maneira jamais vista. É o sinal evidente do nosso povo aos governantes de que é preciso muito mais do que retórica e anúncios que viram fumaça. Se, o planejamento estatal quanto a diferentes políticas públicas esteve ausente nas últimas quatro décadas, agora é a hora de retomá-lo. Urge! Afinal, é necessário relembrar que em todo o Brasil há grandes aglomerados urbanos, nos quais as consequências com chuvas de 1000 mm em apenas três dias seriam ainda muito maiores que as verificadas no Rio Grande do Sul. Não se culpem as denominadas mudanças climáticas como causa dessa tragédia, até porque elas existem desde que o mundo é mundo. Tanto no Rio Grande do Sul, como os exemplos das indevidas ocupações do solo nos morros do Rio de Janeiro ou nas áreas próximas às calhas dos rios que cortam a cidade de São Paulo, jamais deveriam ser permitidas, a menos que houvessem boas estruturas para evitar danos por acidentes climáticos.

Os próximos passos, principalmente os governamentais, para um novo tempo ao estado gaúcho é que serão decisivos à manutenção da confiança, aos esforços e aos valores que regeram esse povo até agora. A reconstrução levará anos. Essa é a realidade confrontada com as catástrofes que se abateram sobre a Holanda em 1953 e New Orleans em 2005 e as ações posteriores para suas reconstruções e medidas/obras de prevenção a acidentes futuros.

Lembrar, que o retardamento na apresentação das medidas de curto, médio e longo prazos às pessoas, à agropecuária, ao comércio e indústrias provocará mais prejuízos e impactos ainda mais significativos às economias locais, estadual e brasileira e a um aprofundamento no desencanto da população com seus governantes. Os agricultores, avicultores, suinocultores e produtores de leite que perderam o solo arável de suas propriedades, máquinas, estábulos, aviários, pocilgas certamente sofrerão limitações para continuar nesses locais atingidos pelas inundações. Existem alternativas, como migrar para estados irmãos, como o Mato Grosso, que acolheu a tantos gaúchos no passado e é uma das razões de seu sucesso. Os governos Federal e de Mato Grosso poderiam montar projetos de investimentos para realocá-los em face da similaridade das atividades praticadas nesses estados. De outro lado, o sistema de crédito cooperativista presentes com suas bandeiras, tanto no Rio Grande como em Mato Grosso, poderia ser o braço financeiro para colocar essa proposta de pé, mas com o apoio financeiro do Governo Federal e com linhas de crédito de longo prazo, com 15 a 20 anos para a sua maturação. Faça-se um apelo aos vivos bem intencionados e determinados, para mitigar o sofrimento de tantos gaúchos.

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