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Agronegócio, PIB e dívida


Decio Luiz Gazzoni
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estima que o Brasil terá o menor crescimento entre todos os países do mundo, em 2015 (crescimento global = 3,2%). Virou chavão dizer que o agronegócio é o Brasil que dá certo, pois, enquanto o PIB brasileiro está despencando mais de 2% em 2015, o agronegócio crescerá 2-3% - mesmo com queda acentuada dos preços dos produtos agrícolas. Sem a riqueza gerada pelo agronegócio, o PIB brasileiro despencaria 3%.

O IBGE estimou o valor do PIB do Brasil, em 2014, em R$ 5,521 trilhões. De acordo com a CONAB, o Brasil produzirá 206 milhões de toneladas de grãos em 2015 (afora café, frutas, hortaliças, florestas cultivadas, fibras, etc). Para o presente ano, o Ministério da Agricultura estima que o Valor Bruto da Produção Agropecuária atinja 8% do PIB (R$ 463,3 bilhões), sendo R$ 295 bilhões da agricultura e R$168 bilhões da pecuária. É o valor, apenas, do produto agrícola dentro da porteira, sem os desdobramentos na economia, como a industrialização. No conceito global de agronegócio, o valor ultrapassará R$1,4 trilhão, próximo de 25% do PIB.
Vamos cotejar o valor da produção agropecuária com as transferências do Governo Federal para as classes sociais mais altas e mais baixas do Brasil. No orçamento enviado para o Congresso, o Governo reserva R$27,1 bilhões para a Bolsa Família, que beneficia 70 milhões de brasileiros. Portanto, a produção agropecuária de 2015 equivale ao pagamento de bolsa família entre 2015 e 2032. Entretanto, para pagar os juros da dívida pública, estimada em 5% do PIB (
http://www.gazetadopovo.com.br/economia/gasto-com-juros-da-divida-publica-bate-5-do-pib-este-ano-9b0dep4ex6rnyu054jsku9idq), toda a produção agrícola brasileira paga, tão somente, 20 meses de juros. Lembrando que, os beneficiários dos juros do Tesouro são os bancos e banqueiros, e não mais de um milhão de brasileiros que aplicam sua poupança em títulos da dívida.
Evidente fica que os impostos advenientes do agronegócio são suficientes para custear os programas sociais do governo. Mas, precisaremos produzir muito, muito mais boi, café ou soja, para custear as transferências governamentais para as classes sociais mais privilegiadas.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo em Londrina.

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