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Agronegócio: inovações para o Brasil competitivo



Antonio Carlos Moreira

ANTONIO CARLOS MOREIRA

 

Tem início hoje, 29 de abril, a Agrishow. Em sua 26ª edição, uma das maiores feiras de tecnologias agropecuárias em todo o mundo, a Agrishow é o palco do Brasil que dá certo – reunindo de agricultores familiares a grandes traders internacionais que aqui vêm gerar e colher negócios. Estima-se que o movimento alcance, este ano, 3 bilhões de reais.

Nesses dias também ocorre a Expozebu, em Uberlândia, consagrada como a maior feira de pecuária brasileira. Ao lado da Agrishow, ambas são o melhor exemplo de que o agronegócio deveria ter sido melhor cotejado nos últimos governos – e também receber maior atenção neste início do atual mandatário.

Centrar o debate quase que exclusivamente na Reforma da Previdência demonstra que ainda gestores públicos e lideranças políticas  não compreenderam a dimensão do papel crucial do agronegócio em tudo aquilo que afeta nosso cotidiano – isto é, nossa educação, saúde, trabalho, emprego, a sustentabilidade social e ambiental. Ou seja, de forma mais ampla, afetam a vida do País, principalmente a partir dos anos de 1970 até os dias atuais. 

As mudanças se deram pelos caminhos tortuosos da falta de logística, desbravados por famílias rumo ao Centro-Oeste e, depois, a novas fronteiras no Norte do País. Pela competência, hoje mundialmente reconhecida, da pesquisa agrícola brasileira. Por decididos investimentos privados em inovações tecnológicas. Assim se fez a revolução silenciosa que transformou a face do Brasil rural e, mais do que isso, se tornou a âncora econômica que o sustentou nas mais tormentosas marés altas de inflação e e crises econômicas.

Quase incólume a tais crises, entre 1992 e 2011 o agronegócio registrou vigoroso crescimento de 574%; entre 1995 e 2000, o superávit comercial foi expressivo mesmo quando o conjunto dos demais setores foi deficitário. Em 2017, a agropecuária contribuiu ao PIB nacional com crescimento acumulado de 14,5%. Mas não se trata de um “milagre brasileiro” – o nome do jogo é produtividade.

Estudo do Departamento da Agricultura dos Estados Unidos (USDA), com 156 países, apontou que, entre 2000 e 2010, a taxa média de produtividade agrícola cresceu apenas 1,84%; já no Brasil avançou expressivos 4%.  

Por alcançar marcas como esta, a A FAO, Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, aponta o agronegócio brasileiro como aquele a reunir maior competitividade para garantir a segurança alimentar de um planeta com 9,3 bilhões de habitantes no ano de 2050. Na projeção da FAO, a oferta mundial precisará crescer 70%; desse volume, mais da metade, cerca de 40%, deverão ser colhidos nas lavouras do Brasil.

 

O peso desse desafio justifica incluir a produção de alimentos como um dos programas cruciais do governo. Para tanto, terá à disposição um valioso documento como ponto de partida. Continua atualíssimo, até porque pouco foi realizado pelos governos, o estudo Agronegócio Brasileiro 2013-2022, elaborado por especialistas de diferentes áreas, sob coordenação do ex-ministro Roberto Rodrigues. Organizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), a proposta traz cinco pilares: Desenvolvimento Sustentável, Competitividade, Orientação a Mercados, Segurança Jurídica e Governança Institucional.  

Destaque-se trecho do capítulo que trata da Competitividade: “Países concorrentes investem pesadamente nas ciências de fronteira, como Biotecnologia, Nanotecnologia e Química. No Brasil, porém, a falta de critérios no atual sistema desestimula os investimentos.”

A correção nesse rumo oferece um horizonte às empresas que investem elevados recursos em pesquisa e desenvolvimento. As inovações para um Brasil competitivo favorecem, sobretudo, os agricultores que lideram a trajetória do País rumo à superação dos desafios na produção de alimentos, fibras e fontes de energias vegetais.  

 

ANTONIO CARLOS MOREIRA é jornalista, especializado em Economia pela FIA Business School; autor e organizador de livros sobre agricultura e alimentos, entre eles “A Ciência da Terra” (IAC, 2008).

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