A Amazônia brasileira era uma região quase intocada até a década de 1970, quando tiveram início os grandes projetos de infraestrutura do governo brasileiro, com destaque para as rodovias: Transamazônica, Belém-Brasília e Cuiabá-Santarém.
A abertura de rodovias cortando a floresta de Sul a Norte e de Leste a Oeste, facilitou acesso ao coração da Amazônia para que madeireiros, pecuaristas e mineradores adentrassem a mata atrás de seus objetivos: pasto, madeira e minerais preciosos. O governo militar dos anos 70 a 90 estimulou a ocupação das terras amazônicas próximas às rodovias, estabelecendo assentamentos de sem-terra ao longo dessas vias. A proposta era “integrar para não entregar”. Em busca de uma vida melhor, muitos agricultores, principalmente do Nordeste, foram assentados na região, com diferentes graus de sucesso.
A Amazônia continua sendo desmatada, talvez mais agora do que no passado. Desde os seus primórdios, 700 mil km² (17% da vegetação original) foram destruídos; 300 mil km² apenas nos últimos 20 anos. Somente em 2019, segundo levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), foram desmatados 9.762 km², o que mostra que nunca a destruição da mata esteve tão intensa quanto nas últimas décadas, o que gera preocupação e justa indignação de ambientalistas e cientistas, mundo afora, pela ameaça que isto representa à biodiversidade da Amazônia, a mais rica do planeta. A culpa é nossa.
Recentemente, o embaixador alemão no Brasil alertou para as potenciais consequências ao acordo Mercosul / União Europeia (UE), se o desmatamento no Brasil continuasse aumentando. A continuidade do desmatamento pode ser o argumento que falta para que a sociedade civil organizada dos países que integram o bloco europeu tente bloquear a entrada em vigor do acordo. Uma prova do aumento da consciência ambiental dos cidadãos europeus foi o crescimento, nas últimas eleições, do partido dos Verdes para o Parlamento Europeu.
Seria lamentável se por causa do desmatamento promovido por gananciosos exploradores ilegais do solo amazônico, o acordo fosse rompido, visto ele representar um avanço socioeconômico conseguido a duras penas durante mais de duas décadas de negociações. O acordo é do tipo ganha-ganha, pois beneficia ambas as organizações e tem potencial para evoluir, multiplicando o comércio entre os dois blocos várias vezes.
O Brasil tem responsabilidades perante a comunidade internacional pela preservação da Floresta Amazônica. E, com isso, sua população poderá usufruir dos benefícios ambientais, sociais e econômicos desta preservação.