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A nova realidade do agro brasileiro



Amélio Dall’Agnol

É notório o crescimento da produção agrícola brasileira no correr dos últimos 11 anos, tanto em área cultivada quanto em aumento de produtividade. Segundo dados do último Censo Agropecuário do IBGE, divulgado em 2018, nos 11 anos anteriores ao Censo foram incorporados 16 milhões de hectares (Mha) à atividade agrícola brasileira. O Censo indicou, também, que 4.5 milhões de propriedades rurais têm área inferior a 100 ha, e essas totalizam 72 Mha. Por outro lado, as grandes propriedades, com apenas 2.400 estabelecimentos maiores de 10.000 hectares, totalizam 52 Mha.

Pela dificuldade cada vez maior de sobreviver no campo produzindo em baixa escala, a tendência que se observa é a venda ou o arrendamento de pequenas áreas produtivas. Estas são abandonadas por seus proprietários, que são obrigados a migrar para áreas urbanas.

Propriedades maiores têm um diferencial competitivo, que reside no fato de que grande parte delas utiliza melhores tecnologias, uma vez que seu proprietário tem maior capacidade financeira para investir em eficiência produtiva. Isto, no entanto, não exclui pequenos e médios produtores de, também, serem eficientes produzindo em baixa escala. Isto justifica porque ainda encontramos milhões de pequenos produtores rurais vivendo decente e confortavelmente na zona rural.

Segundo o censo do IBGE, a maior preocupação atual dos agricultores é com o manejo do solo, o que faz sentido. O adequado desenvolvimento das plantas depende de um solo bem preparado e corrigido de suas deficiências. Este cuidado começa pela correta amostragem e análise do mesmo, que indica o que e quanto de calcário e fertilizante uma determinada gleba precisa.

Ainda segundo o IBGE, entre as modernas técnicas de produção agrícola, aquela mais incorporada aos processos produtivos agrícolas do Brasil - tanto de grandes quanto de pequenos produtores - foi o Sistema Plantio Direto (SPD): crescimento de 83% no período 2006 a 2017, resultando na atual área de 33 Mha cultivados no sistema.

Com o incremento do uso de tecnologias, os agricultores produziram mais e auferiram maiores lucros. Consequentemente, tiveram acesso a máquinas e equipamentos mais modernos, de mais fácil manejo e mais eficientes. Prova disto foi o aumento na venda de tratores e colhedoras nesse período: 50% e 49%, respectivamente.

Mas, para operar estas novas máquinas e tirar o máximo proveito das suas potencialidades, o agricultor precisa de um nível mínimo de escolaridade ou vai precisar da ajuda de instituições públicas de assistência técnica. Segundo o IBGE, 23,5% dos agricultores não sabem ler e nem escrever. Mesmo auxiliados, estes produtores podem não ter capacidade para entender como valer-se das novidades tecnológicas disponibilizadas pelas novas máquinas. Mas os membros mais jovens da família, geralmente mais familiarizados com a tecnologia, poderiam ser a solução, se ainda não tivessem abandonado o campo pela cidade.

Contudo, a lógica indica que os modernos instrumentos de trabalho tornaram as atividades rurais menos insalubres e adicionaram eficiência nas operações, o que propiciou aumentar a produtividade e tornar o negócio mais rentável. Com isso, muitos jovens que abandonaram o campo começaram a retornar, vislumbrando a possibilidade de ganhar mais dinheiro na atividade agrícola e com menor esforço, do que executando tarefas urbanas marginais e mal pagas. Sejam bem vindos de volta. 

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