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A Importância do reflorestamento das matas ciliares



Roberto Gullo Filho
Breve histórico do desmatamento
O desmatamento no Brasil é um sério problema ambiental que se iniciou no período da colonização e perdura até os dias de hoje. Dados divulgados pela organização SOS Mata Atlântica, em maio de 2012, mostram o desmatamento de 133 km² entre 2010 e 2011 e revelam que restam somente 7,9% de remanescentes florestais com tamanho acima de 100 ha representativos para conservação da biodiversidade.
Matéria publicada pelo jornal O Estado de São Paulo em abril de 2012 aponta aumento de 96% na área desmatada no período de agosto de 2011 e março deste ano quando comparado com o mesmo período do ano anterior o que equivale a 637 quilômetros quadrados.O corte de grande extensão de floresta aconteceu apesar da presença de fiscais na região.
Os efeitos da degradação do solo, da poluição das águas, e de muitos outros tipos de danos ambientais, assim como, o aumento da consciência na população da sua dependência do meio ambiente, em relação aos recursos naturais e a qualidade de vida, levaram nas últimas décadas a revisão, criação e ampliação de uma legislação disciplinadora do uso do ambiente.
Essa legislação procurou aparelhar o Estado para atender aos anseios da população por um uso racional, sustentável e permanente do meio ambiente, não incidindo exclusivamente ou preferencialmente, sobre o meio rural, ou o setor agrícola, abrangendo, na realidade, o comércio, a indústria, os serviços, a administração pública e o cidadão comum.
Assim, a legislação ambiental em vigor é apenas uma dentre as várias normas legais a que estão submetidas à propriedade rural e a atividade agrícola, e visa garantir que a produção agropecuária esteja adequada as exigências sociais e às limitações naturais.
O processo continuado de redução da cobertura florestal e o uso inadequado dos solos causaram um aumento dos processos erosivos, com a consequente redução da fertilidade dos solos agrícolas, a poluição e o assoreamento dos cursos d’ água. Esses fatos em muito contribuíram para a redução da produtividade das lavouras e a estagnação, ou decadência econômica de muitos municípios e regiões, resultando finalmente em de ciclos de ocupação e desocupação do interior paulista.
Se a ocupação das terras com vocação agrícola se estabeleceu como uma necessidade do crescimento econômico e populacional, a destruição das matas ciliares, não se fez e faz unicamente sob o império da necessidade, mas sim, muitas vezes, em função do desrespeito ou ignorância para com as leis que visam manter áreas destinadas à preservação de recursos críticos à sociedade, tais como as águas.
Funções da mata ciliar
As florestas ou matas ciliares, entre outros papéis ecológicos, atuam na contenção de enxurradas, na infiltração do escoamento superficial, na absorção do excesso de nutrientes, na retenção de sedimentos e poluentes, colaboram na proteção da rede de drenagem e ajudam a reduzir o assoreamento da calha do rio. As raízes das árvores promovem estabilidade do solo que está ao lado da margem do rio (Fig-1) e assim também contribuem para a redução do assoreamento do mesmo.
Fatores que afetam sua proteção
A extensão, estrutura e composição da mata da mata influenciam no papel de proteção dos recursos hídricos. Assim quanto maior forem estes fatores maior será a proteção.Outros aspectos importantes que afetam a estabilidade da mata ciliar são o uso,manejo e conservação do solo próximas à mata ciliar.Áreas adjacentes a mata que não recebem qualquer destes cuidados são suscetíveis a erosão promovendo assoreamento na mata ciliar. 
A crescente preocupação social com o destino das florestas remanescentes, incluindo as reservas legais e as matas ciliares, faz com que as atividades de produção que não desenvolvam um planejamento ambiental adequado, cuja atuação resulte em degradação ambiental, estejam fadadas a sanções cada vez mais restritivas, não só legais, mas também impostas pelo mercado consumidor que cada vez mais exige produtos gerados sem degradação.
A importância da manutenção ou da recuperação de nossas matas está na perpetuação de biodiversidade e, portanto, na estabilidade do ecossistema da qual fazemos parte. O paradigma da produção de alimentos com sustentabilidade econômica, social e ambiental é o grande desafio da atualidade.
*Roberto Gullo Filho é engenheiro agrônomo e Pós Graduado em Gerenciamento Ambiental ESALQ-USP
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