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A importância da armazenagem diante das grandes safras de grãos


Sebastião Nogueira Junior
A armazenagem de grãos, importante função de comercialização componente da logística, nunca foi de fato tratada como um assunto prioritário no âmbito dos agentes envolvidos com o agronegócio brasileiro.
Só em 1975 com o Pronazem houve de fato substancial investimento no setor. Dos vários programas, planos e projetos subsequentes anunciados ao longo dos anos por parte do governo federal e de alguns estados muito pouco foi realizado em relação às metas anunciadas.

São Paulo, por exemplo, naquela época expandiu a sua rede com a construção de silos de alvenaria por parte da CEAGESP, e chegou a implantar o programa de armazéns comunitários que foi um fracasso já que muitas unidades construídas em parceria com os municípios viraram salas de exposição de artesanato e outras locais de bailes populares. Muito pouco serviu para a guarda de grãos, objetivo principal da iniciativa oficial.
Cooperativas, traders e produtores capitalizados nos últimos tempos foram e são os responsáveis pela ampliação da capacidade estática de armazenagem, contudo não na quantidade necessária já que cada segmento se preocupa mais com as suas necessidades, sem uma visão mais abrangente. Mas sem dúvida houve progresso dentro das possibilidades de cada um.
Zonas novas de produção, caso notório do centro-oeste, nos últimos anos tiveram grande aporte de recursos por conta da iniciativa privada, mas a capacidade total de armazenagem ainda é insuficiente.
Finalmente a armazenagem foi considerada prioridade pelo governo federal!
O plano nacional de armazenagem recém anunciado pelo ministério da agricultura, pecuária e abastecimento, componente do plano agrícola e pecuário 20134, contempla recursos de 25 bilhões de reais a serem liberados equitativamente em cinco anos, com juros de 3,5% a.a e 15 anos para pagamento. Cabe lembrar que existem pelo menos 10 (dez) linhas de crédito para a armazenagem no âmbito do BNDES. Especificamente o Moderinfra – com recursos para armazenagem e irrigação (atividades bastante distintas) tem entre seus objetivos aumentar a capacidade de armazenagem do país.

Contudo, muito pouco do montante disponível tem sido contratado, sendo necessário verificar a fundo as causas do pouco interesse dos potenciais usuários e adequar as linhas de financiamento para motivar os interessados, sobretudo o agricultor, pois a capacidade de estocagem de grãos nas propriedades ainda é pouco representativa (15%). O papel do governo é essencial, pois a agricultura familiar necessita da rede oficial para a guarda de seus produtos, já que esta categoria, praticamente não tem condições para a construção de silos.
Além disso, é primordial a existência de estoques públicos como fator de segurança alimentar e regulador de mercado em momentos de instabilidade de preços.
Oxalá este programa vingue e alivie a questão da movimentação de grãos com destino aos principais portos do país e permita que o Brasil volte a ser competitivo fora da porteira, pois o setor produtivo tem dado conta do recado.
E que possa ainda dar condições ao produtor rural de negociar sua safra em momento mais oportuno; Evitar o desperdício decorrente da ineficiente infraestrutura, além de regularizar a oferta e contribuir para a estabilização de preços.
Em tempo: a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou agora em junho a safra de grãos em 184 milhões de toneladas frente à capacidade estática de armazenagem registrada até o momento de 145 milhões de toneladas.

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