Segundo dados do IBGE, em 2001, haviam 85,4% dos brasileiros com mais de 5 anos, alfabetizados e, portanto, 14,6% de não alfabetizados. Em 2011, último ano da série histórica que consegui, o salto foi muito bom! Haviam 90,2% de alfabetizados e 9,8% de analfabetos. Melhorou... mas ainda tínhamos em 2011 quase 10% ou pouco mais de 17 milhões de analfabetos...
E mais do que isso, são muitos Brasis num só... enquanto no Rio de Janeiro, Distrito Federal e São Paulo o percentual de analfabetos não chegava a 5% em 2011, em Alagoas era de 21%, no Piauí 20% e no Acre e Sergipe 17%. E, claro, para quase todos os estados, a área rural apresenta índices maiores de analfabetismo do que a região metropolitana das cidades.
Não achei dados oficiais mais atualizados, como série histórica, mas serve de exemplo para o que de fato gostaria de comentar aqui.
Meu filho iniciou a alfabetização ano passado e está no segundo ano do ensino fundamental. Veio de uma pré-escola com filosofia de trabalho construtivista e e em menos de 2 meses, já na escola tradicional, já sabia ler e escrever o nome. E, escrever o nome já é suficiente para que a pessoa não seja considerada analfabeta pela metodologia da pesquisa acima. Ele é filho de classe média, tem a facilidade dos pais serem alfabetizados, darem oportunidades de viagens, cinema, livros, português falado com certa correção em casa, paixão pela leitura como exemplos de pai e mãe... ou seja, tudo favorável...
Tenho acompanhado o material didático dele com certa frequência, ajudando nos deveres de casa. Aí é o ponto... O meu filho aprende da mesma forma que minha mãe aprendeu há 70 anos... com a diferença marcante de que a palmatória hoje é proibida! Meu Deus, é assustador a quantidade de informações, chamada de "conteúdo" pelas escolas, ignorando o ritmo de aprendizagem de cada aluno... São Y páginas do livro por dia, para chegar ao final com o livro completo e evitar que algum pai reclame: "Por que pediram para comprar um livro se não usaram todo!!!"
É claro que no conteúdo estão embutidas informações sobre cidadania, meio ambiente, saúde, etc... mas o método é tão repetitivo e chato, que não é difícil entender por que poucas crianças gostam de fato de ir para escola nessa idade... apesar dos amigos que estão lá, da mesma idade, com as mesmas brincadeiras, sonhos e anseios...!!!
Deixo a pergunta: o que fazíamos há 70 anos e que continuamos fazendo da mesma forma até hoje?
Temos muito o que revisar do método e da valorização do professor, falo de remuneração mesmo, para de fato chegarmos no primeiro mundo.
Na escola, temos que aprender e ensinar o que interessa, direcionar o processo de aprendizagem para o que a criança se interessa... da forma como estamos fazendo uso da escola, com pouca ou nenhuma vocação prática de aprendizado de vida, com excesso de conteúdo pouco interessantes ou úteis, possivelmente estamos construindo mais uma geração perdida...
Um forte abraço a todos