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20 anos de HLB no Brasil


Maurício Rotundo

O pior problema fitossanitário dos citros no mundo conhecido na China como Huanglongbing que aportuguesado seria algo como doença do dragão amarelo é abreviado aqui como HLB. Porém foi o nome dado à doença na África do Sul que ficou mais conhecido no meio citrícola. Greening é uma palavra de origem inglesa, que pode ser traduzida como esverdeamento. No início dos anos 2000 já se temia a introdução da doença no país, e se ela viesse, o possível vetor da mesma (depois comprovado) já se encontrava presente aqui. Trata-se do psilídeo Diaphorina citri, que tal como na Ásia, veio a se tornar o vetor da doença no continente Americano. Antes do HLB, apesar da sua presença nos pomares paulistas, era considerada praga de terceiro escalão, pois só causava danos por sucções nas brotações e já estava sendo combatido por tabela com inseticidas usados para controle da larva minadora do citros introduzida em São Paulo em 1996 e também inseticidas usados para o complexo de cigarrinhas que eram vetores da CVC (Clorose Variegada dos Citros). O paralelo mais comum com o psilídeo, um hemíptero tal como a velha conhecida mosca branca (que não é díptero), é com o mosquito Aedes aegypti que era conhecido como o vetor da dengue e febre amarela, mas tal quais os aplicativos de mobilidade, ele lançou a versão pool ou juntos e de carona também virou vetor da chikungunya e da Zika, introduzidas no Brasil na década passada.

            Mas voltando ao HLB, a doença encontrou um campo de batalha difícil em São Paulo e Triangulo Mineiro, não que ela não tenha causado o abate de milhões de arvores e não tenha se espalhado pelo continente Americano, mas o Brasil ainda se mantem depois de 20 anos como o principal fornecedor de suco de laranja do mundo. A pesquisa agropecuária brasileira nos anos 2000, já era robusta e estruturada, inclusive tinha extrapolado o setor publico, sendo cultivada também na iniciativa privada. Na mesma velocidade do avanço da doença, seu entendimento (inclui o vetor) crescia, sendo o conhecimento disseminado. Os governos faziam sua parte aplicando o pilar do manejo integrado de pragas conhecido como controle legislativo. Entretanto a tecnologia e o conhecimento não são absorvidos por todos na mesma velocidade, ou se absorvidos não são colocados em prática no mesmo momento do seu vizinho. Sobre o cumprimento de leis de embasamento fitossanitário, há tanta desobediência no campo, como no transito, fazendo um paralelo com o que vemos diariamente nas ruas.

            Estive na Semana da Citricultura mês passado em Cordeirópolis/SP e constatei alguns elementos. A luta contra o HLB continua colossal e a grande esperança continua sendo o surgimento de um material resistente, produtivo e que tenha aceitação do consumidor, um sonho que em curto prazo não virá. Os próximos anos provavelmente vão sustentar os preços recordes que estamos assistindo em 2024, o problema é que ninguém colocou a mão no fogo para dar um diagnostico do cenário citrícola brasileiro e mundial daqui cinco anos.

            Se houver demanda e bons preços pagos pelo mercado consumidor o país, ainda deverá ser o principal produtor do mundo de citros, até porque outros polos de citricultura vêm surgindo em Mato Grosso do Sul e Goiás, alias este último não fazia parte dos estados com a doença detectada (MG, MS, PR, SC e SP), porém, poucos dias atrás a Agrodefesa anunciou medidas de contingência nos dois focos encontrados.

            Em tempo, termina dia 15 de julho o prazo para que todos os citricultores do Brasil entreguem relatório de inspeções obrigatórios de seus pomares aos Órgãos de Defesa Agropecuária dos seus respectivos estados, conforme determina o Ministério da Agricultura e Pecuária.

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