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Uma oportunidade em potencial


Decio Luiz Gazzoni
Surge no horizonte uma grande oportunidade para o agronegócio beneficiar a sociedade: cultivar hibisco. Não a espécie Hibiscus rosasinensis, comum nos jardins, mas H. cannabinus, muito parecida, rica em um pigmento vermelho (antocianina), com poderoso efeito antioxidante. Um estudo conjunto da Universidade Vale do Itajaí e da Epagri (SC) demonstrou o efeito de extratos da flor do hibisco, tanto na prevenção do surgimento quanto na inibição do avanço tumoral do câncer de cólon.

Os experimento foram realizados com ratos de laboratório, com duração de 65 dias. Os ratos foram separados em três grupos. O primeiro grupo, chamado de testemunha ou controle, compunha-se exclusivamente de ratos saudáveis. Nos segundo e terceiro grupos de ratos foi induzida a carcinogênese de cólon. A diferença: enquanto o segundo grupo foi tratado com a mesma dieta do primeiro, o terceiro teve a alimentação enriquecida com o extrato seco da flor de H. cannabinus.
Resultado: o avanço tumoral nos animais doentes, que consumiram o extrato de hibisco, foi bem menor que nos animais que receberam apenas a alimentação normal. Segundo os pesquisadores, o fato decorre de substâncias presentes no hibisco e que atuam diretamente na genotoxicidade, ou seja, nas toxinas que causam a alteração no DNA, responsáveis pelo câncer.
Outros fatores positivos percebidos pelos pesquisadores nos animais que utilizaram o hibisco foram menor perda de peso e melhora nas funções hepáticas, diminuindo os danos ao fígado, causados pela sobrecarga de medicamentos.
Os mesmos pesquisadores pretendem repetir o estudo oferecendo o hibisco aos ratos na forma de chá. Entrementes, ainda há um longo caminho pela frente, pois as funções medicinais descobertas na planta apenas descortinam preliminarmente as bases científicas para que o extrato de hibisco possa ser utilizado como preventivo e para auxiliar no tratamento de pacientes com câncer de cólon.

Comprovados os efeitos, existem inúmeros protocolos clínicos e toxicológicos a serem seguidos, caso algum laboratório se interesse em extrair, produzir e comercializar a substância ativa. Enquanto isto, agrônomos desenvolverão o sistema de produção de hibisco a ser utilizado pelo agricultor.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa.
 

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