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Uma lagarta que preocupa


Decio Luiz Gazzoni
Não bastasse o Custo Brasil e as pragas tradicionais, uma nova praga ameaça lavouras de soja, milho, algodão, feijão, tomate e outras. É a lagarta Helicoverpa armigera, com prejuízos estimados em R$2 bilhões, desde sua detecção no país na safra 2012/13 nos estados de MT, MS, MG, BA, PA, GO, PR, SP, MA e PI. Em março de 2013 foi decretada emergência fitossanitária na Bahia, o estado mais afetado, com prejuízos calculados em R$1 bilhão. No algodão, os gastos com controle aumentaram US$400 por hectare, devido às dificuldades no controle da praga.

A lagarta é muito agressiva, ataca folhas, vagens e grãos de soja. No algodão, alimenta-se das folhas, flores e maçãs. Na Bahia, produtores efetuaram mais de 6 aplicações de inseticida, muitas vezes sem sucesso, porque se trata de uma praga sensível a poucos inseticidas, normalmente exigindo altas doses, além de abrigar-se em locais onde o inseticida não a atinge. A praga tem elevado potencial para selecionar populações resistentes a inseticidas, o que pode ser uma restrição ao cultivo das espécies atacadas. E, altas doses, com aplicações frequentes, podem selecionar mais rapidamente populações resistentes de outras pragas, além dos outros problemas causados por excesso de uso de agrotóxicos.
Está claro para os agrônomos que o futuro do agronegócio brasileiro não pode depender apenas no controle químico da Helicoverpa. Precisamos investir, urgentemente, em outras formas de controle, seja com variedades de plantas resistentes à praga, ou por controle biológico, usando vespinhas ou microrganismos. Agrotóxicos somente quando absolutamente necessário e nas doses recomendadas.

Na próxima semana, em um evento do qual participo na África do Sul, terei oportunidade de ouvir de colegas de outros países - onde o problema é mais antigo - quais as fórmulas encontradas para conviver com esta praga particularmente virulenta, cuja experiência deve ser aproveitada para desenvolver um programa genuinamente brasileiro para enfrentar o problema.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja. www.gazzoni.eng.br

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