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Um enxame de novas pragas


Decio Luiz Gazzoni
Uma das premissas que adoto ao formular estratégias e políticas públicas na área de Defesa Agropecuária é que, projetando-se o longo prazo, todas as pragas em condição de se adaptar a um determinado ambiente agrícola, nele estarão presentes em função da globalização de mercados e das intensas trocas comerciais de produtos agrícolas. E, por conta das mudanças climáticas, cada vez mais surgem condições ideais para adaptação de pragas em ambientes que não eram adequados para determinadas pragas.

Dois comunicados recentes suportam essas premissas, ambos resultado de estudos da equipe do Dr. Dan Bebber, da Universidade de Exeter (Reino Unido). O primeiro alerta para o ingresso de pragas exóticas em ritmo veloz (http://www.exeter.ac.uk/news/research/title_408265_en.html). O segundo trata da influência das mudanças climáticas na aceleração do processo (http://www.exeter.ac.uk/news/research/title_408265_en.html). Uma publicação cientifica da equipe descreve os padrões e tendências na disseminação de pragas, utilizando bases de dados mundiais para investigar os fatores que influenciam o número de países atingidos por pragas e o número de ameaças em cada país. O estudo abarca fungos, bactérias, vírus, insetos, nematoides, viroides e oomicetos. O artigo original pode ser acessado em http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/geb.12214/abstract.
De acordo com os estudos, os países produtores das principais culturas do mundo serão “totalmente saturados” com pragas nos próximos 30 anos. Mais de uma, em cada dez tipos de pragas, já são encontradas em aproximadamente metade dos países com as plantas que as hospedam. Afirma, também, que mantidas as taxas de novos registros de ingresso de pragas em países anteriormente livres, os maiores produtores de cereais do mundo serão fortemente atingidos lá pela metade deste século – o que representa uma grave ameaça para a segurança alimentar global.

Concluo da mesma maneira de sempre: já que o Brasil pretende ser protagonista do comércio internacional agropecuário, necessita dispor do melhor sistema de defesa sanitária do mundo. Nada menos.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa.

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