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Soja resistente a herbicida


Decio Luiz Gazzoni
              Antigamente, controlar plantas invasoras significava capinar ou arrancar as ervas com as mãos, trabalho penoso e de baixo rendimento. Depois veio o controle mecânico, que não eliminava o repasse com capina. Surgiram os herbicidas, mas, as exigências eram grandes: seletividade do herbicida, textura e umidade do solo, temperatura, chuva, fase de crescimento tanto da lavoura quanto das invasoras. Havia necessidade de misturar herbicidas ou aplicar em diferentes épocas, fundindo a cuca do produtor.

              Nos anos 1990, uniu-se o uso de um herbicida de amplo espectro, com a resistência da soja, milho ou algodão. Foi uma descomplicação para a vida do agricultor. E lá se vão mais de 20 anos de uso da tecnologia pioneira, denominada RR.
              Mas, como em qualquer sistema biológico, onde há pressão de seleção, são favorecidos os indivíduos com características genéticas de tolerância ou resistência ao agente da pressão. Consequentemente, diversas plantas invasoras não são mais controladas na tecnologia RR. Daí a necessidade de diversificar a tecnologia, sem alterar a sua essência: alternativas de plantas cultivadas resistentes a outros herbicidas, com diferentes modos de ação, evitando o desenvolvimento de resistência de plantas invasoras aos herbicidas.
              Foi com este mote que a Embrapa e a BASF firmaram uma parceria para desenvolver o “Sistema de Produção Cultivance”. Essa tecnologia combina cultivares de soja de grande potencial produtivo, geneticamente modificadas para resistir a um herbicida de amplo espectro, diferente do glifosato. Dessa forma, é possível efetuar o manejo de plantas invasoras, sejam elas de folhas largas ou gramíneas.

              A soja do sistema Cultivance transpôs todas as etapas exigidas pela legislação brasileira, demonstrando sua eficiência e inocuidade. Em abril, a União Europeia aprovou a soja Cultivance, por atender integralmente as exigências da legislação do bloco, como já havia ocorrido com a China. Com o nihil obstat dos importadores, as parceiras Embrapa e BASF lançarão comercialmente a nova tecnologia já neste semestre, a qual estará disponível para alguns estados produtores de soja, como Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia e Goiás.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa.

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