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Será o fim do sonho do bioetanol?


Decio Luiz Gazzoni
Até 2009 o mundo invejava a pujança do setor sucroenergético brasileiro. Éramos o único país do mundo com perspectiva de substituir totalmente a poluente gasolina pelo amigável bioetanol de cana. A falta de uma política pública, e a desastrada compressão artificial dos preços da gasolina, destroçaram o setor em escassos 4 anos. Apenas o reajuste da inflação do período 2002-2013 implicaria em aumento de 45% no preço de varejo da gasolina. Se for considerado o preço do petróleo, que saltou de US$20,00 para US$100,00 por barril, o reajuste seria muito maior. Nos últimos anos deixamos de produzir 70 bilhões de litros de etanol, emitindo 66 milhões de toneladas de CO2 a mais, que emporcalharam a atmosfera e causaram problemas respiratórios e cardíacos em incontáveis brasileiros.

Com o desincentivo, a produtividade de cana caiu 25%, 41 usinas faliram, outras 90 estão à beira do abismo, quase 50.000 empregos evaporaram, a arrecadação tributária das prefeituras dos municípios produtores está à míngua, levando decadência às cidades. A COROL, em Rolândia, em parte faliu por este impacto negativo, endividando milhares de agricultores da região.
Então a Petrobras vendeu mais gasolina e tornou-se a empresa mais lucrativa do mundo? Aconteceu o oposto, a Petrobras subsidia a diferença entre a importação da gasolina ou a extração do petróleo e a venda da gasolina no posto, e também está em estado pré-falimentar. Suas ações despencaram 85% em 4 anos e hoje valem apenas 54% de seu patrimônio. Sua dívida líquida passa de R$200 bilhões e se aproxima do seu valor patrimonial.

Em 2013, após 25 anos, o Brasil pode registrar déficit na balança comercial, fruto da importação de petróleo e gasolina, causada pelos baixos preços ao consumidor. Em resumo, o populismo do preço barato da gasolina arrasou o setor sucroenergético, destruiu a Petrobras e tornou negativo o saldo comercial do Brasil. Pouco adiantará, porque, tão certo quanto o sol nasce a cada dia, os preços da gasolina terão que ser recompostos, causando choro, ranger de dentes e inflação. Mas dificilmente recuperarão a Petrobras – que era um orgulho dos brasileiros - e o setor sucroenergético. Nós, o povo, uma vez mais pagaremos o preço.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo. www.gazzoni.eng.br

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