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Selic vai subir (?)



Argemiro Luís Brum

No próximo dia 18/09 o Copom encerra mais uma reunião com o anúncio da taxa Selic. Duas são as possibilidades: manutenção da mesma em 10,5% anuais ou passá-la para 10,75%. Nota-se que não se cogita mais reduções na taxa para este ano. E isso, mesmo com a possibilidade de o Banco Central dos EUA reduzir a taxa básica dos juros naquele país na mesma semana, algo que permitiria um alívio por aqui.

O que estaria ocorrendo? O principal motivo é que nossa inflação bateu no teto da meta, no acumulado de 12 meses, em julho passado (4,5% pelo IPCA). Sendo o controle inflacionário um dos principais pontos de ação de nosso Banco Central, a política monetarista do mesmo usa o juro como arma para segurar os preços. Ocorre que estes estão sendo pressionados por uma desvalorização do Real acima do normal.

Neste momento chegando a mais de 10%. Ou seja, dentro da lógica de Paridade de Poder de Compra, nossa moeda deveria retornar aos R$ 4,80–R$ 5,00 por dólar, o que não está ocorrendo. Pesa contra isso o desajuste fiscal nacional e as contradições do governo a respeito. Com o cumprimento das metas do arcabouço fiscal a perigo, o mercado continua apostando contra o Real.

Assim, além de vender reservas em dólares, visando segurar o câmbio (nestes últimos dias o BACEN voltou a usar esta estratégia), uma possível alta da Selic, impensável no início do ano, volta a ser provável. Parte do mercado já cogita terminarmos 2024 ao redor de 10,75% e atingir a 11,5% em 2025. Este será o grande desafio do novo presidente do Banco Central no próximo ano: seguir uma política monetarista mais rígida ou ceder às pressões do executivo para afrouxar o controle da inflação baixando o juro.

Por enquanto, entre o discurso e a prática do novo escolhido (Gabriel Galípolo) o mercado ainda liga o “desconfiômetro”. Por sua vez, o governo espera que o Real volte a se valorizar até o final de setembro, a partir do movimento dos juros nos EUA (baixar) e no Brasil (manter ou aumentar), fato que ajudaria no combate à inflação. Lembrando que, mesmo nosso juro real sendo muito alto (6% ao ano), parte do mercado considera que, se o objetivo é trazer a inflação anual para o centro da meta (3%), será preciso elevar a Selic para além de 11%. Os próximos movimentos do BACEN nos dirão qual o caminho escolhido e suas consequências.

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