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Resveratrol


Decio Luiz Gazzoni
No século passado um fato intrigou cientistas: por que populações mediterrâneas (na França e Itália, principalmente) apresentavam baixos índices de problemas cardíacos e circulatórios, sendo sua dieta muito rica em gorduras saturadas, um fator de risco para estes problemas de saúde? O fenômeno passou a ser conhecido como “paradoxo francês”. Estudando o assunto, os cientistas descobriram que o resveratrol, uma substância química encontrada no vinho – principalmente os tintos - é um potente redutor do risco de acidentes cardíacos, a ponto de diminuir o risco da ingestão de gorduras. Logo, os italianos e franceses, grandes consumidores de vinhos, aliavam o prazer de saboreá-lo à ingestão de um produto que protegia a sua saúde.

Mais recentemente, pesquisas mostraram que o resveratrol também pode reduzir o risco de câncer de mama. Os testes em laboratório revelaram que o resveratrol, encontrado na casca da uva, poderia impedir o desenvolvimento da doença, bloqueando os efeitos do hormônio estrógeno. A pesquisa descobriu que o crescimento de células de câncer de mama era reduzido drasticamente quando as mesmas eram tratadas com o ingrediente natural, enquanto nenhuma alteração foi observada nas células que não foram tratadas.
Os cientistas, liderados pelo Dr. Sebastiano Ando, da Universidade de Calabria, na Itália, acreditam que o resveratrol é um potencial fármaco, reduzindo o risco de desenvolvimento de tumores, e que também pode ser explorado quando o câncer de mama se torna resistente à terapia hormonal.
O resveratrol bloqueia o caminho do estrogênio ao combinar com o DNA impedindo que as células tumorais, malignas, se espalhem pelo organismo. Outros experimentos revelaram que o efeito estava relacionado a uma redução nos níveis do receptor de estrogênio causada pelo próprio resveratrol.

Além da uva, o resveratrol também é encontrada em blueberries, amendoins e cranberries. A conclusão das pesquisas, se comprovarem a hipótese dos cientistas, pode significar um estímulo ao consumo desses produtos, dinamizando o seu cultivo. Os quais também passariam a ser matéria prima para a indústria farmacêutica extrair o resveratrol, para produção de medicamentos.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja.

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