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Remédios de plantas


Decio Luiz Gazzoni
Saúde é o bem estar físico, mental e social e não só ausência de doença, conforme o conceito da Organização Mundial da Saúde (OMS). O uso de plantas medicinais pode contribuir para a saúde dos indivíduos, mas deve ser parte de um sistema integral que torne a pessoa realmente saudável e não simplesmente "sem doença". O incremento no uso de plantas medicinais pela população mundial tem sido muito significativo nos últimos tempos. Dados da OMS mostram que cerca de 80% da população mundial já usou algum tipo de erva na busca de alívio de dor ou desconforto, ao menos 30% por indicação médica.

            Estima-se a flora brasileira em cerca de 200.000 espécies e ao menos metade delas pode ter alguma propriedade terapêutica útil à população - mas nem 1% foi adequadamente estudada. A pesquisa com essas espécies deveria receber apoio total do poder público, por razões econômicas e de saúde pública.
            No vácuo da falta de apoio, muitas substâncias exclusivas de plantas brasileiras encontram-se patenteadas por empresas ou órgãos governamentais estrangeiros. O custo para desenvolver medicamentos sintéticos ou semissintéticos é muito elevado, e tem se mostrado pouco frutífero. Já a pesquisa com plantas medicinais origina medicamentos em menor tempo, com custos inferiores, consequentemente mais acessíveis à população.
À margem do processo industrial, as plantas medicinais são classificadas como produtos naturais, logo a lei permite que sejam cultivadas e comercializadas. São igualmente importantes os trabalhos de resgate e sistematização do conhecimento tradicional ou da medicina popular, incentivando-se a sua difusão.

            Neste particular, multiplicam-se no Brasil os programas de fitoterapia, apoiados pelo serviço público de saúde. Existem equipes multidisciplinares responsáveis pelo atendimento fitoterápico, com profissionais encarregados do cultivo de plantas medicinais, da produção de fitoterápicos, do diagnóstico médico e da recomendação desses produtos. Do ponto de vista do agricultor, essa é mais uma oportunidade no contexto da multifuncionalidade do agronegócio, pois sempre defendemos que o espaço rural comporta muito mais do que a produção de alimentos. Fitoterápicos é um bom exemplo.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja. www.gazzoni.eng.br

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