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Recidiva do bicudo do algodoeiro


Decio Luiz Gazzoni
O primeiro registro da presença do bicudo foi em Campinas, em fevereiro de 1983, sendo registrada 5 meses depois na Paraíba, de onde se alastrou para todo o Nordeste. O Brasil, um dos cinco maiores exportadores mundiais de algodão, perdeu esta condição com o ingresso do bicudo, passando a importa-lo. Além das perdas econômicas, a praga provocou desemprego e aumento da miséria, em uma região historicamente pobre como o Nordeste, retirando do agricultor uma de suas parcas opções de renda para aquisição de roupas, alimentos e remédios.

A cadeia produtiva do algodão, já combalida pelo ingresso da praga, sofreu mais um duro golpe no Governo Collor, com a abrupta e intensa redução das alíquotas de importação. Os dois episódios provocaram consequências estruturais, como:
- Redução da produção brasileira, de um milhão de toneladas (Mt), em 1981, para 0,42 Mt, em 1993;
- Aumento das importações, que atingiram 500 mil toneladas em 1993. Até meados da década de 1980, o Brasil era autossuficiente e um importante exportador de algodão. Em 1993, o país importou 60% do algodão que consumiu. As compras no mercado externo passaram de US$ 213 milhões, em 1992, para US$ 647 milhões, em 1993.

- Redução da área plantada de 4,1 milhões de hectares (Mha) em 1981, para 1,3 Mha (1995).
- No Nordeste, a área plantada caiu de 3,2 Mha, em 1977 para 1,2 Mha em 1987, concentrando-se em grandes propriedades. No Paraná e em São Paulo o algodão desapareceu do campo.
- Em dez anos foram eliminados 800 mil postos de trabalho: de 1,186 milhão, em 1985, para 385 mil, em 1994, dando origem a um imenso êxodo rural.
- O Brasil caiu, em 1995, para o sétimo lugar entre os produtores mundiais de algodão, com 526 mil toneladas.
- Atualmente o algodão se concentra no Mato Grosso, Goiás e Oeste da Bahia, onde é cultivado em grandes propriedades, altamente tecnificadas, e com baixa demanda de mão de obra.
Anualmente, a perda de produção de algodão, somada ao custo para o controle do bicudo e o custo de importação, é muito superior a tudo o que o Brasil investe com Defesa Agropecuária. Não estaria na hora de refletirmos seriamente sobre este tema?

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