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Rebrota Natural de Pastagens Nativas dos Lavrados de Roraima



Newton de Lucena Costa
As pastagens nativas dos lavrados de Roraima, apesar de limitações quantitativas e qualitativas, historicamente, sempre proporcionaram o suporte alimentar para a exploração pecuária, que passou a se constituir, ao longo dos anos, como a principal atividade econômica da região. Nos lavrados onde a gramínea Trachypogon representa 65% da pastagem nativa existente, a produção animal pode ser muito baixa, o que inviabiliza economicamente a atividade pecuária em áreas onde ocorre sua predominância, desde que não sejam implementadas práticas para o seu melhoramento.

O fogo tem sido, ao longo dos anos, o único elemento de manejo e o grande selecionador das espécies de gramíneas nativas nesse ecossistema, sendo utilizado em até três vezes por ano, constituindo-se em importante fator ecológico da região, porém com reflexos altamente significativos e negativos no passivo ambiental decorrente da atividade pecuária. Neste trabalho foram avaliadas a produtividade de forragem e as características estruturais e morfogênicas da rebrota natural de pastagens de T. plumosus, ou seja, sem a utilização de métodos físico (queima) ou mecânico (roçagem) para o seu rebaixamento, no início do período chuvoso, em diferentes idades de corte. O ensaio foi conduzido no Campo Experimental da Embrapa Roraima, localizado em Boa Vista (60o43’51” de longitude oeste e 2o45’25,8” de latitude norte), durante o período de junho a agosto de 2009. O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é Awi, caracterizado por períodos seco e chuvoso bem definidos, com aproximadamente seis meses cada um.

A precipitação anual é de 1.600 mm, sendo que 80% ocorre nos seis meses do período chuvoso. O solo da área experimental é um Latossolo Amarelo, textura média, com as seguintes características químicas, na profundidade de 0-20 cm: pHH2O= 4,8; Ca= 0,25 cmolc.dm-3; Mg= 0,65 cmolc.dm-3; K= 0,01 cmolc.dm-3; Al= 0,61 cmolcdm-3; H+Al= 2,64 cmolc.dm-3; SB= 0,91 cmolc.dm-3; CTCt= 3,6 cmolc.dm-3; CTCe= 1,5 cmolc.dm-3; V(%)= 25,6 e m(%)= 40. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com quatro repetições, sendo os tratamentos constituídos por quatro idades de corte (21, 35, 49 e 63 dias). Cada unidade experimental foi representada por três touceiras da gramínea, selecionadas em função de sua altura e diâmetro. Os parâmetros avaliados foram rendimento de matéria seca morta (MSM), matéria seca verde (MSV), matéria seca total (MST), número de perfilhos basais (NPB), número de perfilhos axilares (NPA), número de perfilhos novos (NPN), número de folhas vivas/perfilho (NFV), taxa de aparecimento de folhas (TAF) e taxa de expansão foliar (TEF).

A TEF e a TAF foram calculadas dividindo-se o comprimento acumulado de folhas e o número total de folhas no perfilho, respectivamente, pelo período de rebrota. Os rendimentos de MSM e MST não foram afetados (P>0,05) pelas idades de cortes, enquanto que os de MSV foram diretamente proporcionais às idades de corte. O corte aos 63 dias proporcionou maior NPB (11,12 perfilhos/planta), NPA (2,55 perfilhos/planta) e NFV (5,05 folhas/perfilho), enquanto que para o NPN, os maiores valores foram verificados com cortes aos 49 (5,21 perfilhos) ou 63 dias (5,35 perfilhos). As maiores TAF e TEF foram verificadas aos 21 dias (0,165 folhas/dia e 0,538 cm/dia/perfilho).

Considerando-se a baixa disponibilidade de MSV de T. plumosus, recomenda-se a utilização de alguma prática de manejo, pastejo ou roçagem, de modo a remover o material morto e de baixo valor nutritivo e permitir uma rebrota mais vigorosa da gramínea no início do período chuvoso.


Newton de Lucena Costa (Embrapa Roraima)
Vicente Gianluppi (Embrapa Roraima)
Aníbal de Moraes (UFPR)

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