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Química da biomassa


Decio Luiz Gazzoni
Substituir insumos fósseis por biomassa é a marca da bioeconomia. Novas técnicas se encontram em desenvolvimento, aproveitando a biomassa em substituição ao petróleo como fonte de matéria prima para a indústria química e eletrônica. As novas tecnologias produzem bens úteis a sociedade, com menor impacto ambiental, gerando mais riqueza e renda no interior do Brasil.

Você já havia imaginado produzir TVs ou celulares com restos da agricultura? Pois os resíduos de algodão podem ser transformados em nanocristais de celulose, com os quais são produzidas telas de celulares e de televisão. Para tanto aproveita-se o línter - as fibras curtas de algodão, um envoltório da semente após o desfibramento - que não serve para a indústria de fiação, convertendo-o em insumo nanotecnológico, muito demandado pelas indústrias de alta tecnologia.
Resíduos do sisal substituem o plástico na indústria de peças automotivas. Na construção civil, reforçam o concreto, tornando-o mais leve. Restos do coco viram paineis lignocelulósicos, um compensado ecológico para fabricação de móveis, divisórias e painéis de isolamento acústico. Tudo isso usando o que não é, atualmente, aproveitado pelas cadeias produtivas.
Muitos desses resíduos eram passivos ambientais ou com pouco valor econômico, e que viram plásticos, polietileno ou poliéster biodegradáveis. A varinha mágica que os transforma em utilidades é a tecnologia desenvolvida pela Embrapa, ao abrigo do conceito de biorefinarias. Ao invés do petróleo das refinarias antigas, utiliza-se celulose, hemicelulose, colágeno, lignina, pectina, taninos, amido, ácidos graxos, quitosana, corantes naturais e outras formas de biomassa, transmutadas em energia ou produtos químicos.

Em linha com os novos tempos da bioeconomia e das biorefinarias, a Embrapa criou um moderno Laboratório de Tecnologia da Biomassa, em Fortaleza (CE). Sua missão é promover o aproveitamento de resíduos de produtos agrícolas como algodão, coco, sisal, dendê, cana-de-açúcar, arroz ou frutas, para substituir o petróleo. Essa é a essência da bioeconomia, em que se aproveita resíduos da biomassa para transformá-los em intermediários de alto valor, substituindo as fontes fósseis.
 
O autor é pesquisador da Embrapa. www.gazzoni.eng.br

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