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Quando o amor acaba


Amélio Dall’Agnol
De todas as virtudes, a que mais conta para o êxito de um casamento é a tolerância, pois ninguém ignora que todos temos defeitos, razão pela qual é indispensável ser tolerante para com as imperfeições do parceiro e, dessa forma, manter o matrimônio vivo, ativo e em harmonia. Mas nem sempre isto acontece e o relacionamento que pretendia ser eterno, acaba em desrespeito e agressões.

Nesse contexto, tente imaginar um casal com filhos, mas separado litigiosamente, programando as férias ou as festas de final de ano, quando cada membro do ex-casal pretende incluir os filhos de ambos nos seus festejos. Via-de-regra, o tempo fecha. Os filhos, contrariados, assistem confusos sem saber qual partido tomar.
Eventualmente um dos pais leva a melhor, deixando contrariada a outra parte, a qual fica inconformada imaginando seus filhos curtindo momentos felizes com o desafeto e planeja ter melhor sorte em outra oportunidade, devolvendo a contrariedade.        
Por causa dessa mágoa enrustida, muitos casais protagonizam agressões lastimáveis na presença dos filhos, cada qual desejando o pior para o outro, numa típica atitude de quem busca a vingança acima de tudo e sem medir as consequências, mesmo sabendo que essa atitude prejudica a ambos, por igual.
Mesmo assim, pior do que uma separação litigiosa é a manutenção forçada de um casamento que não deu certo, mas que, por razões econômicas, religiosas ou sociais, o casal vê-se na contingência de manter a fachada de relacionamento estável, apesar do desejo mútuo de verem-se pelas costas.

A violência destrói o que ela pretende defender, escreveu o Papa João Paulo II. No presente caso, ela destrói o respeito e o amor que os filhos têm pelos pais, resultando numa família destruída e um casal reduzido a um poço de mágoas e ressentimentos.
Seria racional e minimamente civilizado que os ex-cônjuges se tratassem como amigos - amantes que foram - possibilitando confraternizações conjuntas com os filhos, que nada têm a ver com a desarmonia dos pais.
Acredito não ser utopia imaginar ex-cônjuges, acompanhados de seus novos pares, visitando-se e confraternizando habitualmente, incluindo férias conjuntas como estratégia para manter os filhos de ambos unidos, de vez que, se bem existem os divorciados raivosos e magoados, também há os separados companheiros e respeitosos, que ao invés de se agredirem, se apóiam mutuamente.
Dessa forma, uma ex-mulher e seu atual marido e um ex-marido e sua atual mulher, seriam vistos com naturalidade em confraternizações com os filhos comuns, mais os que vieram do relacionamento posterior, formando uma galera conhecida como “os meus, os teus e os nossos”, todos confraternizando numa boa.
“Tudo vale a pena quando a alma não é pequena” (Fernando Pessoa).

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