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Quais os talentos valorizados na crise?


Opinião Livre
Há muito tempo não temos visto um cenário tão desafiador para garantir a empregabilidade como esse em que estamos vivendo, agravado pela plena crise econômica, financeira e de confiança no país. 
Um recente levantamento divulgado pelo Instituto Nielsen mostrou que, pela primeira vez em três décadas de pesquisa, a confiança do brasileiro caiu 16 pontos em um intervalo de nove meses. Além disso, 52% dos brasileiros acham que o país não sairá da crise pelo menos pelos próximos 12 meses. Ou seja, há um profundo clima de pessimismo instaurado na população.
Mas isso nós já sabemos. O que importa agora é pensar em como atuar num cenário no qual a previsão até 2018 é de ausência de governabilidade e altas taxas de desemprego, aumentando assim o sentimento de insegurança entre os profissionais. 
Como se não fosse o bastante, temos no cenário internacional uma forte desaceleração chinesa, provocando grande impacto nas commodities, queda do preço do barril do petróleo, além de uma revisão pessimista do Banco Mundial, alterando a previsão de crescimento da economia global este ano de 3,2% para 2,9%. 
Tento, mesmo sendo tarefa difícil, ser otimista e procurar novos caminhos. A crise não é só sinônimo de corte de vagas nas empresas, ela também promove a famosa dança das cadeiras entre os executivos que não estão performando por outros que tem as competências mais adequadas para assumir o controle da situação. 
Este cenário internacional traz também oportunidades para o Brasil, mesmo com a desaceleração do tigre asiático, ainda há boas perspectivas de crescimento do consumo de proteínas pela população chinesa, por exemplo. Outro ponto é que, com a alta do dólar frente à moeda brasileira, continuaremos vendo uma situação favorável para os nossos exportadores. 
Agora, diante de tantas incertezas internacionais e de um Brasil que patina para superar suas dificuldades internas, como se fazer necessário e se valorizar em um mercado tão hostil? Quem são os talentos necessários e valorizados em momentos de crise? 
Tenho percebido nos processos que conduzo que os profissionais mais necessários e valorizados nesses momentos são aqueles que sabem dançar conforme a música, ou seja, entendem as regras do mercado e se adaptam a elas. Quanto mais esses profissionais se ajustam, mais necessários e talentosos são. É a hora de buscar alternativas saudáveis que sejam compatíveis ao momento do negócio. 
Em um momento de turbulência de mercado, algumas competências têm se sobressaído frente a outras, como, por exemplo, a capacidade de ter uma visão estratégica de curto e médio prazo. Não é o momento de pensar no longo prazo, o profissional tem que saber onde a empresa se encontra agora. No entanto, não pode abandonar também as metas do futuro, pois uma hora a crise passa. 
Também é o momento, independente do nível hierárquico, de ter mais transpiração do que inspiração. Ou seja, entra em destaque o perfil do executivo “hands on”, o qual consegue operacionalizar a estratégia, não ficando somente no campo das ideias. 
Em momentos de grandes transformações, tem mais valor aquele profissional que consegue enxergar a oportunidade e agilmente ajustar o negócio para o novo momento. Será que o caminho seria diferente para o GPS se ele tivesse se adequado às mudanças inteligentes que o Waze promoveu? 
Talentosos têm sido aqueles que conseguem tomar decisões rápidas, mas sem perder o foco no cliente, fazendo-se cada vez mais necessário. O concorrente está atento, e em uma época de vacas magras, a fatia do bolo está menor para todos. A solução que o profissional apresenta para o cliente tem que convencê-lo genuinamente que é a melhor alternativa dentre todas possíveis. 
É o momento de o líder ter a consciência de que toda a estrutura em que a empresa criou em tempos de bonanças, possivelmente não faz mais sentido no cenário atual. Se apegar ao passado deixará a empresa ainda mais obsoleta, e provavelmente algo que já esteja funcionando, está sendo copiado neste exato momento. 
É também nessa hora que separamos aqueles que são realmente talentosos e jogam como team players, deixando o ego de lado, descendo do degrau para aproximar-se das pessoas de forma genuína conseguindo, assim, influenciar todos para a mesma direção. A competição tem que ser externa, e não interna. 
Diria que os talentosos neste momento são aqueles bons negociadores que conseguem intervir e influenciar de forma positiva com diferentes personagens em diversas situações em prol de alcançar o objetivo da empresa, mesmo se tiver uma atuação técnica, pois ninguém hoje joga sozinho. 
Como diz o ditado, um bom marujo se conhece na tempestade! É atrás destes profissionais, que conseguem mostrar seu valor e controlar a situação nas adversidades, que nós, headhunters, estamos à procura! 
* Leonardo Massuda é Associate Director & Partner do Fesap Group, especializado em busca e seleção de executivos e gestão de capital humano.

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