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Protegendo as culturas


Decio Luiz Gazzoni
 
Em novembro passado estive em um evento cuja palestra de abertura foi proferida pela ministra Katia Abreu. Um dos pontos que mais me chamou a atenção foi o paralelismo que ela traçou entre produtos fitossanitários - para controle de pragas agrícolas - e medicamentos para uso humano. Mostrando que ambos se destinam a proteger organismos vivos (plantas, animais ou o gênero humano), concluiu que, se os produtos químicos que protegem plantas são chamados de agrotóxicos, então os medicamentos deveriam ser chamados de humanotóxicos.

Semântica à parte, um aspecto fundamental tanto para medicamentos quanto agrotóxicos, é a segurança de seu uso, evitando efeitos colaterais. A bula dos medicamentos explicita todos os cuidados no uso dos mesmos, para evitar ou minimizar esses efeitos. No caso dos agrotóxicos, um dos efeitos não desejados é o contato com o agrotóxico no momento da preparação da calda para aplicação no campo, que pode prejudicar a saúde do manipulador.
Com o objetivo de melhorar a e segurança na manipulação de agrotóxicos, pesquisadores da Embrapa Instrumentação e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) desenvolveram um sachê biodegradável. Ele é elaborado usando amido, pectina e outros polímeros naturais, permitindo embalar qualquer substância que seja solúvel em água, entre elas agrotóxicos e fertilizantes.
Um de seus usos é a liberação gradativa de agrotóxicos no solo, para controle de pragas que atacam as raízes das plantas, como nematoides, fungos ou insetos. A dose é facilmente calculada, em função das pesquisas que permitiram o registro do produto no MAPA, associando as condições de solo, a praga e o cultivo a proteger.

O uso do sachê biodegradável reduz sensivelmente o arraste das substâncias químicas pela água de chuva ou irrigação, permitindo melhor aproveitamento na proteção ou nutrição plantas, reduzindo o impacto ambiental negativo e os efeitos adversos para os manipuladores. O mesmo método se aplica a produtos sistêmicos, que são absorvidos pelas raízes e transferidos para outras partes da planta, que necessitam ser protegidas de pragas. Também poderá ser utilizado para colocação diretamente no tanque, evitando o contato do manipulador com o agrotóxico.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa.

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