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Produtividade de milho


Decio Luiz Gazzoni
Um concurso anual de produtividade é executado pela Associação Nacional dos Plantadores de Milho (NCGA) dos EUA. Em 2011, o concurso contou com 8.431 participantes distribuídos pelos EUA, que foram premiados de acordo com a tecnologia utilizada e a sua localização geográfica. No plantio sem irrigação as maiores produtividades foram de 20.280kg/ha no chamado
Corn Belt, com plantio convencional, e de 18.660 kg/ha com Plantio Direto. Já no milho irrigado, plantado de forma convencional, a maior produtividade foi de 23.220 kg/ha, enquanto, com plantio direto, atingiu incríveis 27.028 kg/ha! A proeza foi conseguida por um produtor chamado David Hula, cuja propriedade fica próxima à Baía de Chesapeake, na Virgínia – aquela mesma onde ocorreu o acidente com o carro do senador Ted Kennedy, em que morreu afogada sua secretária, episódio que impediu que ele chegasse a Presidente dos EUA!
            Pode-se argumentar: o tal David foi um ponto fora da curva, não quer dizer nada. Bem, miremos então a média dos 8.431 participantes do concurso, que foi de 19.680 kg/ha. Algum cético emendaria: se estes conseguiram, todos podem conseguir. Então vamos às comparações: a média de produtividade de milho nos EUA, em 2011, foi de 9.639 kg/ha. Logo, o recordista de produção obteve um ganho de 180% sobre a média nacional. Se compararmos com a média brasileira em 2012 (4.067 kg/ha), significa um ganho de 565%.

            Mas qual é a importância do aumento da produtividade do milho, da soja, ou de qualquer outro produto agrícola? Pela ótica do atendimento da demanda mundial, atente-se para a necessidade de aumentar em mais de 70% a produção de alimentos, até 2050. Para os EUA, produtividade é crucial porque não há mais área agrícola a expandir naquele país – todo o aumento de produção virá dos ganhos de produtividade. E, para o Brasil, que tem muita área para expandir, representa o ganho ambiental de evitar a incorporação de novas áreas ao sistema produtivo. E, para todos, significa a busca de maior rentabilidade, se os ganhos de produtividade forem efetivamente sustentáveis. Neste particular, David Hula afirmou que a rentabilidade, com sua altíssima produtividade, foi superior àquela dos anos anteriores.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja.
 

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