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Prioridades da Ciência


Decio Luiz Gazzoni
Estou na Cidade do Panamá, para participar da reunião anual do International Council for Science, do qual sou presidente de um Steering Committee. A pauta desta reunião se concentra em quatro temas: 1) Ensino da Matemática; 2) Desastres naturais; 3) Energia renovável; 4) Biodiversidade. Chamo a atenção dos leitores para um traço que une esses quatro temas e o agronegócio. Senão vejamos.

O ensino de matemática é muito deficiente no Hemisfério Sul, América Latina inclusa. Os gênios da matemática estão no Norte, EUA, Canada, Europa, China, Japão. Como ter bons engenheiros sem forte base matemática? São os engenheiros que projetam e constroem novas máquinas e implementos, os softwares. Para não falar de nós, agrônomos, que apesar de voltados à biologia, ficamos capengas sem forte conhecimento de matemática avançada.
Os desastres naturais incluem tempestades, inundações, secas, ou seja, muitos dos fatores que estão sendo afetados pelas Mudanças Climáticas Globais, ora em curso. É importante entender o que muda para o futuro, quais os riscos aos quais a produção de alimentos estará sujeita, e como contorna-los ou mitiga-los.
Energia renovável inclui os biocombustíveis, como o biodiesel, o bioetanol, o biogás e a bioeletricidade. Esta pode ser obtida tanto por cogeração nas usinas de cana, queimando o bagaço, ou em termoelétricas movidas a biomassa, como palha, lenha ou restos de cultura ou de processamento.

A biodiversidade vem sendo afetada pelo avanço do Homem sobre o ambiente. Mas, todos sabemos que a agricultura em muito depende dos organismos silvestres. Por exemplo, um terço dos alimentos do mundo depende de insetos polinizadores. Todo o nitrogênio que as plantas de soja ou feijão utilizam é absorvido do ar por bactérias simbióticas, e transferido para as plantas, poupando bilhões de dólares todos os anos, o que significa alimentos mais baratos.
Os resultados das nossas reuniões são repassados aos Governos, para subsidiar políticas públicas, e às Academias de Ciências dos países, juntamente com outras instituições voltadas à Ciência e à Tecnologia, com o fim único de que os benefícios da Ciência cheguem aos cidadãos. O que inclui os alimentos produzidos pelo agronegócio.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja.

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