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Plásticos biodegradáveis


Decio Luiz Gazzoni
De resíduos agroindustriais saem fibras que poderão dar origem a uma nova geração de superplásticos. Mais leves, resistentes e ecologicamente corretos do que os polímeros convencionais, as alternativas vêm sendo estudadas pela Unesp, em Botucatu (SP). Os plásticos são obtidos de resíduos do curauá (
Ananas erectifolius) – planta amazônica da mesma família do abacaxi –, além da banana, casca de coco, sisal, abacaxi, madeira e resíduos da fabricação de celulose.
A peça feita com esse tipo de material se torna 30 vezes mais leve e entre três e quatro vezes mais resistente que os plásticos convencionais. Ao testar as suas propriedades na escala nanométrica, os pesquisadores descobriram que essas fibras renováveis apresentam resistência similar às fibras de carbono e de vidro. E, por isso, podem substituí-las, com muitas vantagens, transformando-se em matérias-primas para a fabricação de plásticos. O resultado são materiais mais fortes e duráveis e com a vantagem de, diferentemente dos plásticos convencionais originados do petróleo e de gás natural, serem totalmente renováveis. Em testes, durante os quais foi adicionado 0,2% de nanofibra ao polipropileno, o material apresentou aumento de resistência de mais de 50%.
Já em ensaios realizados com plástico injetável utilizado na fabricação de para-choques, painéis internos e laterais, e protetor de cárter de automóveis, em que foi adicionado entre 0,2% e 1,2% de nanofibras, as peças apresentaram maior resistência e leveza do que as encontradas no mercado atualmente. A par do aumento na segurança, os plásticos feitos de nanofibras possibilitam reduzir o peso do veículo e aumentar a economia de combustível. Também apresentam maior resistência a danos causados pelo calor e por derramamento de líquidos, como a gasolina.

Além da indústria automobilística as nanofibras podem ser aplicadas em outros setores, como o de materiais médicos e odontológicos, podendo substituir o titânio utilizado na fabricação de pinos metálicos para implantes dentários pelas nanofibras. Esta indústria emergente permitirá um novo ciclo de agregação de valor no agronegócio, utilizando resíduos outrora descartáveis, alguns que se constituíam em passivos ambientais.
 
O autor é engenheiro agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja.

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